por Sergio Brandão

A insatisfação das ruas talvez vá um pouco além. Passa um pouco pelo íntimo de cada um.  Das falhas de caráter do ser humano descontente consigo mesmo, muitas vezes sem que perceba isso.

O prazer incontido de quebrar, de destruir, parece sempre maior. Só se dá conta depois, quando preso ou advertido. Às vezes nem assim. Enquanto a mobilização é de reivindicação, estes entram pela porta dos fundos, arrombando protestos legítimos na contramão de tudo.  A irracionalidade é tão grande que chegam a achar graça no que fazem.

Às vezes chegam a se machucar tentando quebrar ou romper um obstáculo. Quando estão diante de algo que parece intransponível, se juntam ganhando mais força física, e quando vencem urram como animais na conquista da presa. Como homens primitivos ostentam o troféu. Os últimos episódios me lembram as primeiras cenas 2001, uma odisseia no espaço, quando o homem primitivo bate no resto da ossada, com um fêmur na mão.

Só caem em si e percebem o descontrole  quando são contidos por algo mais forte. Neste caso são tomados por outra força, inversa da anterior, que lhes devolve o formato do rosto quando eram bebes inocentes, frágeis, indefesos e doces.  Esta gente, ainda indecifrável  para a ciência que estuda o homem, deve ser controlada o mais rápido possível. Não pode ficar solta nas ruas, se misturando com gente os de boa fé.