9:19Ilusões perdidas

Aula de jornalismo na edição de maio da revista piauí. A argentina Graciela Mochkofsky mostra, em depoimento pessoal, como a coisa funciona e não funciona. Alguns trechos:

 

– O que a história de fato mostra é como é possível manipular os rumos da Justiça com o respaldo da classe política… e da mídia.

 

– Muitos veículos e jornalistas dão a sociedade o que ela quer.

 

– Descubro que, quando a verdade não é o que o público espera, quando ela é inconveniente, também os jornais não tem interesse em dizer a verdade. Essa também é uma verdade inconveniente.

 

– Nos momentos de lucidez, vejo meu erro: o que eu penso que é, ou devia ser o jornalismo, não condiz com a realidade de todos os dias.

 

– Entendo que meu trabalho consiste numa dupla batalha: com as fontes, para conseguir a informação mais verdadeira possível, e com os editores, para conseguir que seja publicada sem distorções.

 

– Na crise os donos dos meios de comunicação entram em pânico. Recorrem ao governo, aos bancos, a outros empresários, fazem negociações para ‘salvar’ suas empresas. Naturalmente, não se deve incomodar aqueles a quem se pede ajuda. Nas redações, cancela-se toda investigação, toda crítica, exceto contra quem não tem poder algum.

 

– No fundo, os políticos fazem o que sempre fizeram: tentam domesticar a mídia. Antes isso era feito nos bastidores; agora, com a desvalorização do nosso papel histórico, ousam fazer tudo abertamente.

 

–  Muitos jornalistas se alinham à empresa em que trabalham como se ela representasse uma causa sagrada.

 

– Por algum motivo, algo de novo começa a surgir em toda parte com revistas virtuais.  São jornalistas que viveram todas as crises e ainda querem algo, ainda esperam conseguir algo que não se conseguiu. Espaços em que se pratica o melhor jornalismo, sem deformações; nos quais as melhores aspirações da profissão estão intactas.

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