7:39Velhas ideias e novos tempos

por JamurJr

Apresentar jornal na hora do almoço é coisa muito antiga. Na início da década de 60, a TV Paranaense mantinha um jornal nesse horário, do qual participei como apresentador, ao lado de Flávio Menghini. Anos mais tarde, já com a TV Globo liderando a audiência no Brasil, um de seus  diretores decidiu que todas as emissoras afiliadas deveriam se incorporar na transmissão do Jornal Hoje, ao meio-dia. Na TV Iguaçu, nesse horário era apresentado um jornal local com bons índices de audiência. O diretor global afirmou que o novo jornal tinha como característica notícias rápidas, para atender o grande público que assiste televisão na hora do almoço olhando a telinha entre uma garfada e outra; ou fora de casa, muitas vezes em pé, encostado num balcão de lanchonete e de olho na TV. Assim era o jornal do meio-dia. Um noticiário rápido, com textos curtos e muita informação. Um boletim de notícias. Isso mudou com o tempo e provavelmente para atender o interesse do público. Não se sabe se o telespectador mudou seus hábitos, se almoça com mais calma e mais tempo vendo televisão, ou se a TV está  fazendo jornal ao meio dia especialmente para aposentados. Se for o caso, precisa mudar a pauta e trocar receitas de bolos, moda, etc, por outros assuntos que interessem a terceira idade. A verdade é que os jornais da hora do almoço, em sua maioria,  se transformaram em programas com várias atrações que vão desde receita gastronômicas, conselhos para emagrecimento, moda, no melhor estilo Ana Maria Braga, a transmissões ao vivo de algum local onde o repórter gasta a maior parte do tempo com entrevistas longas e muitas vezes sem muito  interesse. Também foi colocado no roteiro um tipo de descontração dos apresentadores que muitas vezes se transforma em bate-papo entre amigos, onde o telespectador fica de fora e sem entender a graça das piadas sem graça que geralmente estão fora do texto. Para o telespectador mais observador fica a impressão  de que estão fazendo um jornal para cumprir o horário, sem compromisso com a qualidade da informação que colocam no ar. Isso tudo sem falar no longo tempo para a cobertura da violência  e repetição (em todos os jornais) do julgamento de alguém em São Paulo,  a última enchente da semana ou o congestionamento da Marginal Tietê e os muitos quilômetros registrados de congestionamento. São Paulo é muito grande, merece o destaque que tem, mas não é maior que a expectativa do telespectador de ver notícias que lhe interessam mais de perto.

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3 ideias sobre “Velhas ideias e novos tempos

  1. Cronkite

    O jornalista que escreveu o texto acima é perspicaz. O padrão a que ele se refere é o da Globo, que influencia diretamente as demais emissoras. O que ele talvez não saiba é que acertou realmente na mosca.
    No ano passado, apontou o Ibope e mostrou a Folha de São Paulo em matéria agora do mês de fevereiro, as audiências da Globo em seu conjunto principal de programas caiu de forma consistente, entre 5% e mais de 10% no Bom Dia Brasil, Jornal Hoje, Jornal Nacional, Jornal da Globo, Fantástico, Esporte Espetacular e em duas das três novelas noturnas. Apenas na novela das 21h cresceu, e apenas 1 ponto, porque Avenida Brasil foi um fenômeno – porém, a sua sucessora, Salve Jorge, já apresentou queda novamente.
    As crianças, adolescentes e jovens até a faixa dos 20 anos já não veem televisão a não ser episodicamente. E, quando veem, sintonizam emissoras a cabo – a tv por assinatura já alcança 16 milhões de lares, entre 50 e 60 milhões de pessoas com alto poder de consumo.
    Não é por outras razão que a Globo trocou parte fundamental de sua direção geral, recomendou mudanças às afiliadas e lançou uma campanha inédita de promoção da sua programação para 2013, inclusive com programa de lançamento na próxima 5ª à noite, algo que nunca se viu antes.
    Canto do cisne.
    Estão desconectados da vida.
    Brasileiros não leem. Não gostam de ler e se informam de orelhada. Não consideram nenhum meio indispensável e se consideram produtores de conteúdo nas redes sociais.
    Numa sociedade frágil assim, a internet vem para derrubar a tudo e todos.

  2. Jeremias

    Creio que falta também uma crítica a hipertrofia das previsões meteorológicas.
    Dá-se uma importância exagerada e cedem-se muitos minutos ao “tempo”.
    São múltiplos mapas hipercoloridos, animados, jornalistas especializados, entrevistas com meteorologistas, enquetes de rua, etc. sobre um assunto tão banal.
    Ainda mais agora que inventaram esta idiota distinção entre temperatura e sensação térmica, que insistentemente é sempre “explicada” às vítimas, digo, aos expectadores.

  3. SEXAGENÁRIO

    Jeremias, em todo mundo as meninas do tempo são lindas e bumbunzudas .
    Que continuem a nos vitimar, amém !

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