10:43Saiu o bloco da sucessão, por Sandro Vaia

por Sandro Vaia*

Nem começou a Copa das Confederações, e além dela ainda temos uma Copa pela frente, e a campanha eleitoral já está nas ruas.

Está certo que precisamos de tempo, muito tempo, porque grande parte dele será gasto não no debate político mas na discussão das idiossincrasias de Luiz Felipe Scolari e seu bando de volantes, que tentarão reconquistar a Copa do Mundo para o nosso adormecido futebol.

A pouco menos de dois anos da futura eleição presidencial, os protagonistas tratam de assegurar seu lugar no canto do ringue, e já sacam suas armas para marcar o território que pretendem ocupar até a abertura das urnas.
Por isso, os atores estão começando a interpretar seus papéis: o ex-presidente Lula, com o comedimento de sempre, já se comparou a ninguém menos que Abraham Lincoln.

Ciro Gomes, que ninguém (muito menos ele) sabe exatamente que lugar ocupar, já ligou sua metralhadora giratória disparando contra qualquer coisa que se mova.

Fernando Henrique, escanteado por seu próprio candidato nas duas últimas eleições, abraçou um aliado mais dócil e fechou com ele, procurando uma voz solidária a seu legado esquecido e desprezado, desfrutando do afeto que seu eleito, o neto de Tancredo, Aécio Neves, não lhe tem negado.

O ente mágico da floresta, Marina Silva, criou um supra-partido misteriosamente apelidado de Rede, com a finalidade de pairar feito o Espírito Santo sobre as mazelas materiais do mundo, tais como a construção de hidrelétricas e a produção de energia, coisa das quais em seu mundo sonhático ninguém sentirá falta.

Ali meio sentado, meio em pé no banco de reservas, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, pratica os elementos básicos do aquecimento e do alongamento ameaçando entrar em campo a qualquer momento nem que seja para chutar a bola contra a meta de seu próprio time, para não deixar dúvidas de que está vivo, forte e saudável.

A presidente Dilma, no momento mais favorita que o Barcelona contra o Oeste de Itápolis, espera apenas que o seu presidente-adjunto leve a campanha para as ruas para poder repetir as palavras de ordem que ele inventar, na hora que ele achar mais conveniente. Afinal, Lincoln é Lincoln. Não se despreza um cabo eleitoral desses.
Este é o quadro sucessório a um pouco menos de dois anos da abertura das urnas e até agora há escassos sinais que se produza alguma surpresa. Enquanto o governo labuta para segurar a inflação e ressuscitar o crescimento econômico, a oposição não tem nada a declarar sobre o que propõe como alternativa.
Talvez tenha algo a dizer sobre o excesso de volantes do Felipão. Ou talvez nem isso. Vamos esperar para ver.

*Sandro Vaia é jornalista. Foi repórter, redator e editor do Jornal da Tarde, diretor de Redação da revista Afinal, diretor de Informação da Agência Estado e diretor de Redação de “O Estado de S.Paulo”. É autor do livro “A Ilha Roubada”, (editora Barcarolla) sobre a blogueira cubana Yoani Sanchez. E.mail: [email protected]

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