por Tostão
Os otimistas e a turma do oba-oba falam que o dinheiro do BNDES não é público, que é comum os estádios ficarem mais caros que o previsto, que nenhum se tornará elefante branco, porque são arenas multiúso, que os novos estádios e gramados vão melhorar a qualidade do futebol e que o desalojamento de famílias e a desapropriação de bens públicos foram exigências da Fifa.
Os realistas e críticos dizem que quase todos os estádios são construídos com dinheiro público (financiamento do BNDES, diminuição de impostos e outras vantagens), que os estádios de Brasília, Cuiabá e Manaus serão elefantes brancos, que os estádios existem para se jogar futebol e, depois, serem sedes de outros eventos, e não o contrário, que quase todos estão superfaturados, com enorme variação de preços, e que, por ser caríssima a manutenção, não serão rentáveis, a não ser que os ingressos sejam muito caros.
Os otimistas e a turma do oba-oba falam que haverá um grande legado à população, que o turismo será beneficiado, que não haverá confusão em aeroportos, no período da Copa, porque diminuirá bastante o número de passageiros habituais.
Os realistas e críticos falam que os aeroportos continuarão tumultuados, desorganizados, superlotados, que a maioria das obras perto e ao lado dos estádios, o tão falado legado da mobilidade urbana, não ficará pronta ou já está cancelada e que o dinheiro público para outras obras urgentes e importantes, para os setores de saúde, transporte, saneamento básico e infraestrutura, foi transferido para o Mundial.
Não tenho dúvidas de que os estádios estarão prontos e lindos, que temos condições de fazer uma Copa tão ou mais organizada que a da África do Sul, que o torcedor vai curtir uma grande festa, ainda mais se o Brasil avançar na competição e for campeão, mas não podemos fechar os olhos a tantos absurdos, a tanto gasto desnecessário e excessivo e a duas grandes mentiras, a de que não haveria dinheiro público e a de que a Copa deixará um grande legado social e urbano à população.
*Publicado na Folha de São Paulo
Gostei….
Tostão foi aquele que serviu Pelé tres vezes na Copa de 70: dando uma caneta no Bobby Moore e servindo limpo Pele que pos açucar a jair para o gol contra a perfida Albion; serviu Pelé de calcanha na linha de fundo num gol contra Perú (se não me engano) e serviu aquela bola magistral para Pelé diblar na ginga Mazurkievski e perder o gol mais lindo da História do futebol.
E Tostão continua nos servindo essas cronicas esplendidas para que deixemos o oba oba e olhemos nosso Brasil como realmente se apresenta – cheio de incompabibilidades públicas e sociais.
Quando começaremos a pensar com seriedade no dia do voto?
Só me resta concordar com o craque. ACarlos