por José Maria Correia
Há dentro de mim,
e de mim apenas
um secreto mar
de poesia encantado,
só eu o tenho,
há muito tempo
oculto, imaginado.
É vasto, oceânico,
silencioso e profundo,
calado, da luz esconde
submersas mágoas
do incerto mundo.
Às vezes provocado,
é do luar surgido
transbordado e
dos mares loucos,
explode revoltado.
Em ondas de memórias
é assim trazido em
tormentas e histórias
de passado esquecido.
Vagas de sentimentos,
ancestrais mastros ,
naufragados escombros,
acenados movimentos
marcados rastros
de indistintos astros
Ventos de sopradas
perdas, sofridas lidas
tão distantes
de não surgidas,
mas prometidas
estrelas rompantes.
Lembranças vindas
de alegrias de antes,
esquecidas tardes
vidas findas,
rompidos amantes.
Poentes de tristezas
mais antigas,
refletidas por instantes,
marés minguantes
tardias, vazantes.
Mar em mim perdido,
mero engano adormecido
raro azul de diamante,
delírio embriagado
sombrio, alucinante.
Obscuro, solitário
sou desse mar
estranho, imaginário,
insone viajante
distraīdo retardatário.
Convés da vida
fugidia, inconstante
angustiada avante
a alma errante.
Noturno destino
porto sem abrigo
assombrado farol
sem ocupante
aguarda o rochedo
o eterno navegante.
Comentar? Como hei de?
O ler me bastou.