10:33Tratamento de vida

Parabéns ao chapa Diogo Busse pela entrevista que, em resumo, esclarece um pouco sobre a maravilhosa possibilidade que existe de se controlar o vício, a dependência de qualquer tipo de droga, seja legal ou ilegal – e aí se inclui algo pouco abordado nas discussões: o jogo. Repita-se: controlar. Não há cura e as recaídas são um risco constante que diminuem quanto mais o dependente se conhece e identifica na alma o que o leva ao uso. O uso de drogas é um sintoma da doença, que basicamente é emocional. Existe um desconhecimento absurdo sobre tratamentos. Quem esteve internado algumas vezes em clínicas, como o Diogo e o signatário, sabe que o que acontece ali dentro basicamente é terapia. O tratamento continua fora e a desculpa de que consultas em psiquiatras e psicólogos é cara, é desculpa. “Se você não tem dinheiro para pagar, vá ao padre, ao pastor, converse com o amigo com quem você fala abertamente”, me disse um terapeuta do Pinel no meu segundo internamento. Perfeito. Outra: o “clique” para que se caminhe pela trilha da recuperação e a forma com que se mantém sóbrio é uma questão da alma do “doente”. Pode se começar com um fato aparentemente banal ou por uma palavra que faça sentido naquela hora. É a palavra que vai reforçar a redescoberta da vida. O dependente tem dificuldade de se dar uma chance, porque normalmente só vê uma saída – e ela é fugaz e o afunda mais. “Só por hoje eu não vou me drogar” foi a frase que deflagrou a caminhada do signatário, que completou 18 anos recentemente. Tratamento todos nós fazemos desde que nos entendemos por gente. No meio do caminho nos perdemos. Retomar a normalidade, que a maioria das pessoas não aceita, porque quer mais, sempre mais, é uma dádiva. Diogo Busse está no caminho e faz mais, na sua luta para se clarear a absurda escuridão de quem cuida das políticas públicas na área.

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2 ideias sobre “Tratamento de vida

  1. Zangado

    Exato – um sobrevivente, não podemos perder.

    O mais apavorante é a inércia governamental (e em parte da sociedade que não cobra ação) quanto à efetiva penalização do traficante e do financiador do tráfico; só pode ser em parte velada conivência; sebe-se lá quem patrocina campanhas por esse país …

    Enquanto existem sérias dificuldades para tratamento e recuperação, o tráfico dessas drogas altamente viciantes, que criam dependência fulminante dos infelizes que vão cair nesse âmbito, continua enxugando gelo no verejinho da repressão … e no atacado (financiador poderoso, grande traficante, lavagem de dinheiro, etc) nada de contundente ocorre …

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