Confusão no plenário da Assembleia Legislativa. Manifestantes da CUT foram protestar porque ainda não foi votado o projeto de lei do deputado Eduardo Cheida que “veda a produção, comercialização e transporte de produtos que contenham amianto” no Paraná. A justificativa é que o produto causa câncer. O projeto não entrou em pauta porque há uma série de Adins pendentes no STF e que consideram este tipo de lei inconstitucional. Entre os deputados quem saiu em defesa da indústria foi o deputado Reinhold Stephanes Junior, que chamou os manifestantes de laranjas de uma indústria de São Paulo. “Não há um caso de câncer há décadas. Não há risco para a pessoa que trabalha. É um mito da década de 60. Estamos prejudicando milhares de trabalhadores por causa de uma empresa paulista. É uma guerra comercial que não faz sentido se instalar aqui no Paraná. O produto utilizado hoje não causa problema. Houve evolução que as pessoas não sabem. Alguém foi numa empresa? Ninguém. Além de gerar imposto para o Paraná, é fiscalizada por órgãos de saúde e ambientais. Vocês estão sendo usados como massa de manobra. Peço aos deputados para aprofundar no tema e convidar os presentes para que visitem uma indústria de amianto”, defendeu.
Stephanes Jr., se realmente disse isso, assina recibo de boçal. Amianto causa diversos câncer de pulmão e é a única causa conhecida do mesotelioma, um câncer raro e fatal da membrana que reveste o pulmão. O risco é ambiental, e não há relação dose-dependente. Ou seja – qualquer exposição à fibra pode causar a doença.
Sugiro ao parlamentar boçal que use o Google, ferramenta ao alcance até de gente como ele, e investigue o que é o mesotelioma, e como países europeus que reconstruíram cidades usando amianto, no pós-guerra, estão enfrentando a epidemia de casos da doença por lá. De quebra, Stephanes poderia perguntar ao consul do Canadá, maior exportador de amianto do mundo, porque o país proíbe terminantemente o uso da fibra por lá.
Depois disso tudo, um pouco mais bem informado, pode aprender com o pai que em boca fechada não entra mosca.
É lamentável que um político sustentado com dinheiro público se preste a defender o indefensável amianto e os interesses de uma indústria condenada em todo o mundo em detrimento da saúde pública. O amianto é um reconhecido cancerígeno para os seres humanos, já foi banido em 66 países e em 5 estados brasileiros. O deputado, ao invés de defender algo que mata trabalhadores, poderia usar sua verborragia e energia para convencer as empresas do Paraná a utilizarem matérias-primas alternativas ao amianto e mais seguras. Não é de se estranhar que vivamos num país onde Cachoeiras dão as regras e práticas como “mensalão” são tidas como normais. Não é a toa que o lobby parlamentar que defende o amianto no Congresso Nacional (Leréia, Perillo, Demóstenes Torres – chamados de AMIANTO BOYS) esteja envolvido com o contraventor Carlinhos Cachoeira e sua gangue.
Fico feliz que Fernanda Giannasi tenha chegado até esses confins do mundo. É das pessoas mais sérias e das que mais entende sobre o que é o amianto. Se você perder dois minutos numa Googlada sobre ela, Zé Beto, faria o favor de dividir com seus leitores um pouco do descalabro que é a legislação sobre o amianto no Brasil. Seria uma forma de compensar o espaço que deu ao boçal do Stephanes Jr.
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