Pela causa:
MULHERES MARCHAM CONTRA A VIOLÊNCIA
No próximo dia 14 de julho, as 11h00 da manhã, com concentração no Passeio Público, as vadias de Curitiba voltam às ruas para reivindicar sobre direitos da mulher. Há um ano mais de mil pessoas compareceram a primeira edição da Marcha das Vadias, realizada na busca por refletir sobre a culpabilização da mulher em casos de agressão sexual. Os debates foram intensos a cerca do nome, da validade do movimento, a participação das mulheres negras, o caráter elitista do grupo, a participação masculina, o apoio às prostitutas, a causa LGBTT e o movimento feminista curitibano. Virtualmente foram mobilizadas 30 mil pessoas em torno da discussão sobre agressão sexual. Diferente, ousada e artística, a marcha foi considerada um dos eventos mais bonitos da cidade, a reivindicação foi colorida, lúdica e com diversas atrações culturais o que será repetido na marcha deste ano.
Por que precisamos de uma Marcha das Vadias novamente?
Do período pós marcha até os dias de hoje as vadias continuaram suas ações; fomos às ruas, ocupamos a Boca Maldita todas às sextas feiras,
discutimos o machismo da política paranaense, nos manifestamos a favor da descriminalização do aborto e contra a banalização da violência
sexual na TV. Comemoramos o Dia do Laço Branco, da Não-Violência, criamos campanhas de conscientização pelo fim da violência de gênero.
Participamos da Conferência Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, fizemos parte, juntamente com outros coletivos, da organização da
Marcha das Mulheres do Campo e da Cidade, assim como também fizemos parte da criação do relatório da CPMI da violência contra a mulher,
com audiência no dia 25 de junho, na Assembléia Legislativa do Paraná.
Missão cumprida? Não, estamos muito longe disso. Os números da violência de gênero crescem a cada dia, no Brasil e em nossa cidade. No
nosso país quase 2,1 milhões de mulheres são espancadas por ano, sendo 175 mil por mês, 5,8 mil por dia, 4 por minuto e uma a cada 15
segundos. Em 70% dos casos, o agressor é uma pessoa com quem ela mantém ou manteve algum vínculo afetivo. As agressões são similares e
recorrentes, acontecem nas famílias, independente de raça, classe social, idade ou de orientação sexual de seus componentes.
Somos o sétimo país o terceiro estado e Piraquara a segunda cidade que mais mata mulheres no País.
O Brasil é o 7° país do mundo que mais mata mulheres. O Paraná é o 3º estado no ranking e Piraquara é a 2º cidade brasileira com maior
número de assassinatos de mulheres. O Paraná é o segundo estado mais homofóbico do país. Em Curitiba a cada 1 dia e ½ uma pessoa LGBT é
brutalmente assassinada. Em 2011, no Paraná, mais de 17 mil mulheres foram agredidas e mais de 4 mil foram vítimas de crime sexual. Em 2012,
quase 5 mil mulheres foram vítimas de violência. Em Curitiba, 115 mulheres foram assassinadas em 2011 e 30 mulheres foram mortas no início
de 2012. Sabemos que estes números são ainda maiores, pois muitas vítimas não denunciam seus agressores. A maioria das agressões (física,
sexual, psicológica) ocorrem em casa e que desde criança estamos sujeitas a elas.
Após a CPMI da violência contra a mulher concluímos que o Paraná não está cumprindo devidamente a Lei Maria da Penha, os poderes
responsáveis por contornar esses dados e oferecer os índices e estatísticas não dialogam entre si, o descaso em relação aos altos números
de agressões e até mortes no estado é assustador. Criamos uma sociedade que tolera a violência e que atribui a culpa à própria vítima. É essa
cultura machista que queremos transformar. Lutamos para que a mulher deixe de ser vista como um mero objeto e passe a ser vista como uma
pessoa, com direitos e vontades.
Para que isso seja possível, precisamos de políticas públicas voltadas à saúde, educação e segurança, além de um amplo debate com toda a
sociedade. Este é o primeiro passo para que possamos finalmente reverter esse quadro.
Por isso acreditamos que precisamos, sim, levar as Vadias novamente às ruas, para mais uma vez mostrar à toda a cidade que não iremos nos
calar.
Roteiro da Marcha:
Artística, irreverente e colorida, como no ano passado, o roteiro deste ano segue o mesmo fluxo, mas com atrações diferentes, em ano de eleição
o mote principal são as políticas públicas para a mulher e essa discussão será levantada durante o trajeto, além da especial homenagem as
mulheres latino-americanas e as brasileiras.
Ato1 – “Vadias na rua: poder público, a culpa é sua!”
Local: Passeio Público
Atividades:
Entrevista com candidatas à Câmara e à Prefeitura
Diálogo sobre Violência Obstétrica
Leitura do Manifesto
Ato 2 – “As Trans são nossas irmãs”
Local: Praça 19 de Dezembro
Atividades: Performance – Gustavo Bitencourt
Ato 3 – “Maria Maria”
Local: Praça 19 de Dezembro
Atividades: Lavagem simbólica da Mulher Nua
Resgate da nossa dignidade
Ato 4 – “Somos todas clandestinas”
Local: Estátua de N. Sra. da Luz
Atividades: Ato simbólico – flores para as vítimas do aborto clandestino
Ato 5 – “Strip Mob”
Estátua da Maria Lata d’água (Paço Municipal)
A violência contra a mulher
Ato simbólico – strip tease coletivo
Trilha sonora: Não Vadeia – Clementina de Jesus
Ato 6 – “Tribuna Livre”
Local: Boca Maldita
Atividade: Ato simbólico: Ocupação da Boca Maldita – Placa da Tribuna Livre
Ato 7 – “Mulher Brasileria e Latina”
Boca Maldita
Encerramento
Show com Aveduo E e Kátia Drumond e muv
Apresentação Geisa Costa
MAIS INFORMAÇÕES, FOTOS, MATERIAL GRÁFICO:
WWW.MARCHADASVADIASCWB.BLOGSPOT.COM
MEXEU COM UMA, MEXEU COM TODAS
AGRESSÃO SEXUAL: A CULPA NUNCA É DA VÍTIMA
Idéia boa. Execução deplorável.
Qual a lógica de mulheres semi-nuas saírem na rua para protestar contra a “objetificação” da mulher ? Se mostrando como objetos?
Aliás, se tem uma coisa que tarados e abusadores “odeiam”, é mulher pelada andando na rua e dançando…
Que lógica mais esquisita…
Incrível é o resultado que essa marcha alcança! Nenhum!!!
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,o-deboche-das-vadias,881691,0.htm
Incrível é continuar vendo homens ditando regras sobre as mulheres, até mesmo qdo vamos nos manifestar. Ou seja apoiam o manisfesto, desde que seja da forma que ELES acham correta.
E mais uma vez, a culpa pelo abuso é da mulher. Até quando?
Cara Kelli. Se a mensagem foi para mim, saiba que muitas mulheres também acham um absurdo protestar de top-less contra a visão machista da sociedade. Aliás, acho que a maioria ainda prefere ser ouvida pelo que tem a dizer, e não porque é curioso ver meninas e mulheres sambando na rua com roupas mínimas…Sei lá, fica estranho. No caso de a Sra. Falar em nome de todas as mulheres, desconsidere…
Mas espero que a marcha das vadias um dia consiga ser noticiada pelo que defende,m e não pelo que parece…Bom dia.