7:16Nem tudo é falso no Paraguai

do Correspondente na Tríplice Fronteira

A esquerda virou direita (vide Lula e Maluf); a direita virou esquerda (para não ir tão longe, Gustavo Fruet abraçado ao PT). A ideologia morreu. Menos no Paraguai. Dilma, Chávez, Moralez, Cristina e outros menos votados esperavam tudo, menos a criatividade paraguaia em derrubar um presidente eleito sem um só tiro. E olhe que no Paraguai, ao contrário do general Custer, para se derrubar o governo (Stroessner e outros), era chamar a Cavalaria acantonada num bairro de Assunção. Lá vinham os velhos tanques doados pelo governo brasileiro, por muitos anos comandados pelo general Lino Oviedo (cheio de parentes no Congresso) – e estava resolvido.

Fernando Lugo é um estabanado, como o foi Collor aqui até ser despachado em 1992. Quem não leu, perdeu, mas na quinta-feira, véspera do impeachment, o correspondente do jornal “Valor Econômico fez uma brilhante análise sócio-econômica do nosso vizinho.

“O episódio em que morreram 18 pessoas, sendo 11 militantes sem terra e sete policiais, merecia um destino diferente do esquecimento. Serviria como advertência do que pode ocorrer quando se entrecruzam concentração de renda e um Estado débil. O que aconteceu no Paraguai foi uma reforma agrária às avessas: em 1991, 1,5% dos proprietários controlavam 81,3% da superfície. Com o advento da soja, a concentração não diminuiu. Segundo dados da coordenadoria nacional de direitos humanos do Paraguai, em 2008 2% das propriedades somavam 78% das terras. “A titularidade de7,851 milhões de hectares, ou 64% do total adjudicado em 50 anos. Dentro deste universo, foram beneficiados milhares de brasileiros que tornaram-se produtores de soja no Paraguai em circunstâncias pouco transparentes”, escreveu o correspondente em Buenos Aires do VE, César Felício. Bingo.

Essa foi uma das heranças da ditadura de Alfredo Stroessner (1954-1989). Para quem se interessar:

http://clippingmp.planejamento.gov.br/cadastros/noticias/2012/6/21/paraguai-paraiso-do-estado-minimo

No Paraguai não há previdência social, imposto de renda de pessoas jurídicas é 13% (pessoa física não paga IR), é um estado de contrabando, propina e sacanagem contra quem ousa ser honesto. E os pobres o são. A Itaipu do lado deles é governo paralelo. Nomeiam-se os cupinchas,  inventa-se eventos, estradas, proteção ao meio ambiente que, nós aqui, patos, pagamos na conta da energia. E nada disso é executado! Vai direto  para o bolso dos  cupinchas. A nova sede da Itaipu, em Assunção, vai ter 30 mil metros quadrados. O custo? Bueno… La garantia soy yo.

E nós com isso? Nossa herança desse tempo dos milicos lá e aqui é Itaipu e os brasiguaios.

Ai é que a porca torce o rabo. Lula quadriplicou o pagamento da energia que o Tesouro brasileiro vai repassar aos paraguaios, e Dilma liberou às empreiteiras dos hermanos uma linha de transmissão da Usina, de Foz do Iguaçu  a Assunção (350 km).

Os brasiguaios adoraram a queda de  Fernando Lugo, que apoiava a invasão de terras.  Estavam amedontrados. Fiel às suas raízes, Dilma ensebou atividades da nossa embaixada nessa área sabendo que a soja e o trigo dos brasiguios e a estabilidade no campo do lado de lá da fronteira são importantes para nós. A felicidade dos brasiguaios com a queda de Lugo coloca dona Dilma Roussef numa saia justa. Os campesinos paraguaios são de esquerda, os nossos conterrâneos que praticam o agronegócio são de direita. E agora?

Federico Franco, substituto do prolixo (em todos os sentidos) Fernando Lugo, já, já vai nomear o novo Diretor Geral paraguaio de Itaipu… e vai telefonar para Dilma. Mudar-se-ão, como diria o falecido Jânio, as moscas, mas a panela é a mesma.

É só aparente a calma no Paraguai. Com seu novo governo, Federico Franco destoa totalmente da vizinhança venezuelana, argentina, equatoriana, nicaraguense etc e etc., que finge ser dos fracos e oprimidos, mas quando chega ao poder espalha companheiros por todo o canto para praticarem a arte de mamar. No fundo, no fundo, é tudo a mesma coisa. Uns mamam com a direita e outros com a esquerda em toda a América Latina. Menos no Paraguai. Lá quem é Lula é Lula, quem é Maluf é Maluf. Ops! Quem é Lugo é Lugo. Quem é Federico é Federico. Ou seja: não é verdade que tudo seja falso no Paraguai. Dilma verá.

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Uma ideia sobre “Nem tudo é falso no Paraguai

  1. Emerson Paranhos

    Dói em quem trabalhou duro na construção de Itaipú, ver as pessoal com lavagem cerebral criticar aquela usina como herança maldita do tempo dos milicos. Tudo dos militares agora é mau feito, que que é isso???ninguém é burro!!! A Cuiabá Santarém não é transmazonica, Itaipú tava errado. A soja no cerrado é crime ambiental, brasiguaios são párias exploradores dos coitadinho campesinos e não trabalhadores que sairam daqui,colonizaram, trabalharam duro e hoje produzem melhor, NãO FAZER NADA, FICAR TUDO NO GOGÓ, no papo como o atual governo. Quem não faz nada não erra, então pode encher a boca de mentiras e falar em anos de chumbo como se aqui tivesse acontecido algo como na Russia e em Cuba ou na Alemanha Nazista. criticar quem faz, cheios de razão é fácil fazer meu senhores, contrariar interesses pelo bem comum é para quem tem objetivos e determinação, não é para os papudos que hoje formam opinião.

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