Tinoco

Eles nunca se separaram, mesmo quando o irmão Tonico foi embora em 1994. Tinoco ficou aqui com a gente, mas nossa alma ouvia sempre a dupla, porque mais “terra brasilis”, essa desconhecida, impossível. Ele nem precisava mais cantar, como fez no palco da Reitoria da UFPR ao lado do grupo Viola Quebrada há alguns anos. Porque irradiava alegria de viver ao contar os causos, ao falar palavrões, ao olhar para o público com este olhar aí da foto. Encantado era, porque sempre soube valorizar o dom que Deus lhe deu e o encontro com a outra voz que formou a maior dupla sertaneja da história da música brasileira. Ouvir Tonico e Tinoco é como entrar por este Interior do Brasil e sofrer e se alegrar com as pessoas, ver as paisagens, sentir o cheiro do mato, mergulhar em água de rio, acompanhar a boiada em cima de um cavalo, comer a comida saída  do forno a lenha, descansar sob a árvore que faz sombra no terreiro, sentir Deus na missa de domingo na capela toda branca, se apaixonar pela cabocla, mostrar tudo isso aos filhos. O brilho nos olhos de Tonico era porque ele sabia da magia das coisas puras e, por isso mesmo, normais. No começo da carreira a dupla comandou um programa de rádio cujo nome diz muito sobre tudo o que fizeram – e onde: “Arraial da Curva Torta”. José Perez o nome dele. José Salvador Perez o do irmão. Daqui, resta a saudade e também a alegria de saber que o corpo deste grande ídolo vai descansar na Vila Alpina onde nasci. Obrigado e amém.

Vejam e ouçam: http://letras.terra.com.br/tonico-e-tinoco/311505/