7:15O cantor e a ditadura

Da Folha.com, em reportagem de Bernardo Mello Franco:

Timóteo exalta a ditadura e defende “porrada” em opositores

Em discurso na Câmara Municipal de São Paulo nesta quarta-feira (11), o vereador Agnaldo Timóteo (PR) exaltou a ditadura militar e defendeu os generais que mandaram “meter a porrada” em opositores.

Ele acusou a imprensa de não lembrar “coisas maravilhosas” feitas pelo regime e disse que não há vereadores de esquerda: só aqueles que correm atrás de “cascalho” e querem ganhar dinheiro.

“É uma lástima que os meios de comunicação não se disponham a contar as coisas maravilhosas que foram realizadas neste país pelo regime militar”, disse Timóteo.

“Meia dúzia de brasileiros zé-manés queriam depor o regime militar na porrada. Se sou general, vou deixar os caras me deporem na porrada? Não, mando meter a porrada neles. Que negócio é esse? Governo é governo”, afirmou.

Diante dos protestos de colegas, incluindo o ex-preso político Gilberto Natalini (PV), Timóteo disse: “Quem é de esquerda aqui dentro? Todo mundo está correndo atrás de ‘cascalho’, todo mundo querendo ganhar dinheiro e vem me dizer que é de esquerda? Sai fora com essa coisa de esquerda!”.

O vereador discursou durante a sessão que aprovou a criação de uma Comissão da Verdade municipal. Ele criticou a iniciativa e elogiou a Lei da Anistia aprovada em 1979, durante o governo João Figueiredo.

“Em 1979, João Batista de Oliveira Figueiredo disse ‘Lugar de brasileiro é no Brasil’ e trouxe todos de volta: assassinos, assaltantes, sequestradores, bandidos, todos voltaram. Então, por que esta Comissão da Verdade de um lado só? Que negócio é esse? Tenha piedade!”.

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7 ideias sobre “O cantor e a ditadura

  1. Velho de Guerra

    Porque só os da esquerdinha festinha podem se manifestar com suas opiniões ? Deixa o Timóteo, aliás a opinião de le tamb´´em é a de muitos brasileiros. Esse patrulhamento ideológico é uma desgraça …

  2. zeca corrêa leite

    Concordo com o Velho de Guerra: não só os da “esquerdinha festiva” é que podem manifestar suas opiniões, mas queria observar que a coluna do Z.B. tão-somente ampliou para outra faixa de público aquilo que o Agnaldo Thimóteo expôs. Vejo nisso uma preocupação desmedida da direita, preocupação essa que chega não apenas agredindo em palavras, mas talvez ressentida pelo muito sangue que derramou em tempos passados e se vê contrariada nos dias de hoje.

  3. Ivan Schmidt

    O mais legal de tudo é que o ingresso do Timóteo na política deu-se por influência do ex-governador Leonel Brizola, que foi banido do Brasil por vários anos, exatamente pelos generais que hoje o vereador tanto exalta. Acho que naqueles idos o gajo ainda não era dotado de cérebro…

  4. MÁRIO

    Mário – Gabriel O Pensador/Itaal Shur

    O pequeno Mário, dentro do berçário, era feito carta em envelope sem destinatário.
    Um menino sem destino, se nome no cartório, ficou num orfanato até o sexto aniversário.
    E foi parar num seminário, onde um padre fez o Mário conhecer o ABCDário.
    Aprendeu a ler a bíblia e o dicionário.
    E aos doze já sabia escrever um diário.
    O diário era o seu melhor amigo, onde o Mário confessava o seu desejo proibido de ser bibliotecário… e conhecer uma mulher… e todos os gêneros literários.

    Mário! Você conhece o Mário?
    Cansou de ser otário.
    Mudou de profissão, virou revolucionário.
    Vai Mário, vai Mário, vai Mário!
    Você conhece o Mário?
    Cansou de ser otário.
    O Mário tá na área e não tem páreo para o Mário.
    Vai Mário, vai Mário!

    O garoto Mário, lá no seminário, era feito um peixe fora d’água, preso num aquário.
    Preferiu ir pra cidade, mais um operário.
    Quinze anos de idade, menos de um salário.
    Menos do que o necessário; vida dura dividida entre a leitura e o trabalho.
    Aos 16 já era um líder comunitário, era um jovem lutador e solidário.
    Aos 17 era boy num escritório.
    Aos 18 fez serviço militar obrigatório.
    Mataram um soldado e precisavam de um bode expiatório.
    O Mário era rebelde e foi pro interrogatório.
    Inocente até que provem o contrário, foi torturado e virou presidiário.
    E lá dentro teve tempo de arrumar seus pensamentos de um modo extraordinário.

    Mário! Você conhece o Mário?
    Cansou de ser otário.
    Mudou de profissão, virou revolucionário.
    Vai Mário, vai Mário, vai Mário!
    Você conhece o Mário?
    Cansou de ser otário.
    O Mário tá na área e não tem páreo para o Mário.
    Vai Mário, vai Mário!

    Soltaram o Mário antes do horário – a imprensa descobriu seu julgamento arbitário.
    Divulgou a sua estória e os seus comentários, sua vida e o seu discurso libertário:
    – Todo ser humano tem direito a ser alguém e tem direito a ter um bem do bom e do melhor.
    Melhor pra todos nós se todo ser humano tem direito à sua vez e tem direito à sua voz.
    Padres e mendigos, freiras, prostitutas, todos são iguais, todos têm direito à paz, todos têm direito à luta.
    Direito e dever de saber e de ver e fazer acontecer.
    Todos têm direito de mudar!
    Nem todos que sonharam conseguiram, mas pra todos conseguirem todos têm que ter a chance de tentar.
    Não tem pra ninguém!
    Mas tem que ter pra todo mundo e pra mim também!

    Refrão

    Missionário sem religião (sem religião!), conquistou uma legião, uma multidão, na sua missão contra a omissão em todos os cenários:
    urbanos, suburbanos e agrários.
    Mas o seu discurso igualitário foi ficando cada vez mais duro, mais maduro, incendiário!
    Incomodando os poderosos e reacionários, que já queriam ver seu nome no obituário.
    Mas o Mário tava em todos os noticiários, nas escolas, nos “campus” universitários, nas favelas, nas bocas, nas bancas, nas ruas, nas fábricas, em todos os lugares! – E o Mário rebate qualquer argumento contrário ao seu ideário.
    Debate com qualquer político, autoridade ou autoritário; do executivo, do legislativo ou judiciário; latifundiário ou megaempresário; qualquer mercenário do Fundo Monetário…
    Ninguém nesse mundo é páreo pro Mário!
    E o Mário, que era só um João Ninguém, leu, escreveu, conheceu e foi reconhecido.
    Cansou de ser otário. E pra quem ta cansado também, o Mário é um exemplo a ser seguido.

  5. Cajucy Cajuman

    É preciso fazer uma pesquisa nacional para saber qual o percentual de brasileiros que concordam com ele. E não será pouca gente, tenham certeza disso…

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