17:37Análise crítica de clichês do futebol

por Tostão*

O importante é competir – O importante é vencer e respeitar o adversário.

Empatar fora de casa é bom – Em um campeonato que a vitória vale três pontos, empatar é sempre ruim.

Se Deus quiser vamos vencer – Não se pode duvidar da imparcialidade de Deus.

O grupo está fechado – O grupo tem de estar aberto, se não vira ditadura e panelinha.

O grupo está unido – Se perder, dirão o contrário.

O time está perdendo a segunda bola – Só existe uma.

Dois a zero é um resultado perigoso – É mais perigoso que três a zero e menos que um a zero.

Quero ver o time com pegada forte – O time deve ter, antes de tudo, talento.

A defesa tem de marcar o adversário e não a bola – A defesa tem que ter um olho na bola e o outro no adversário.

A melhor defesa é o ataque – O time que só ataca ou só defende bem, perde.

Time com dez jogadores melhora – Raramente acontece, mas como o jogador expulso geralmente pertence ao time perdedor, a equipe é obrigada a reagir.

O futebol é uma caixinha de surpresas – Boa desculpa para as derrotas.

O técnico tem o time nas mãos – Ele é que pensa. Jogador é vendaval.

Pênalti é tão sério que deveria ser cobrado pelo presidente – Os presidentes estão tão sem moral, que melhor mesmo é cobrar o jogador.

Vamos correr atrás do prejuízo – Se o time está perdendo, tem de correr atrás do lucro.

Vamos jogar no erro do adversário – Tem de jogar é no acerto do time.

Time que ganha não se mexe – Se pode melhorar, por que não alterar a equipe?

O time está rifando a bola – Sabia que o futebol era um jogo, mas nem tanto.

A bola procura o artilheiro – Bola não enxerga. É o artilheiro que sabe, antes dos outros, aonde ela vai chegar.

O time está marcando sob pressão – Se é sob pressão, ele está marcando a si mesmo.

Pênalti é loteria – O pênalti depende da técnica, do estado emocional de quem cobra, dos treinamentos, do tamanho e competência do goleiro e da sorte.

Vamos administrar o resultado – Futebol é muito imprevisível e tem muitos mistérios para serem administrados.

O futebol é um bom produto – Já foi o tempo que o futebol era uma boa paixão.

Brasil tem o melhor futebol do mundo – Já teve. Hoje, está entre os melhores, mas não é o melhor.

O Brasil é o país do futebol – É também da música, do carnaval, da enganação, da injustiça, corrupção e outras coisas mais.

Para vencer é preciso jogar feio – Esta é uma das maiores burrices do futebol.

Goleiro brasileiro não sabe sair do gol – Ele tem a mesma dificuldade quanto os de outros países.

Treino é treino, jogo é jogo – Nem sempre quem treina muito joga bem, mas quem não treina, não vai atuar bem, com exceção dos gênios, como Didi, Romário etc.

Cruzamento no primeiro e segundo pau – Se a trave é de ferro, por que pau?

Romário é o novo matador do Vasco – Esporte não é guerra.  jogador fino, criativo e dócil em campo como o Baixinho, não pode ser matador.

A imagem vale mais que mil palavras – Por que então os narradores de futebol gritam tanto durante as partidas?

*Autor do livro “Lembranças, opiniões, reflexões sobre futebol“, editora DBA, 1997

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3 ideias sobre “Análise crítica de clichês do futebol

  1. A Verdade

    já fui mais fã de futebol, mas hoje acho que, quem gosta desse esporte de m…, deve ter algum problema mental sério.

  2. S B

    A Verdade, mas nem tanto, né? Como você é mal humorado. Tá sempre contra tudo. Não vê graça em nada. Que mala, heim!

  3. Flávius

    Tostão sempre foi Doutor: na bola, na vida, na escrita. Gênio de tudo. Mineiro simples, pessoa espetacular. Obrigado sempre!

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