7:23Gustavo encara a nomenclatura

por Ivan Schmidt 

O valor simbólico que o ex-deputado federal Gustavo Fruet julgou ver nas escadarias do prédio histórico da Universidade Federal do Paraná, onde anunciou sua filiação ao PDT, presidido no estado pelo ex-senador Osmar Dias, ao que parece, ainda não rendeu tudo o que esperava o combativo homem público festejado pela população curitibana. A decisão de Fruet ao escolher um local que esse ano completará o primeiro século de existência – a UFPR vai fazer 100 anos — está associada emblematicamente ao início da carreira política ao ser eleito para a presidência do diretório acadêmico da Faculdade de Direito.

Entretanto, não se pode afirmar, sem cometer inegável equívoco, que Fruet ficou de braços cruzados à espera de eflúvios benignos para sua pré-candidatura à prefeitura de Curitiba, mesmo porque sua experiência é grande o suficiente para enumerar uma a uma as dificuldades de manter-se equilibrado em terreno movediço, como é a política paroquiana da capital. 

Gustavo conhece as idiossincrasias dos principais atores que se movimentam nesse palco, alguns há várias décadas, chegando mesmo a estar envolvido pessoalmente com os círculos de poder que, então, o tinham em alta conta e faziam apostas fantasiosas em seu brilhante futuro. É possível que o senso pragmático de Gustavo Fruet, embora não o conheça tanto para supor que tenha sido assim, então, já rondasse o realismo glacial dos versos de Augusto dos Anjos (A mão que afaga é a mesma que apedreja).

Se os fiéis companheiros de ontem ainda não se tornaram os detratores de hoje, prática antropofágica na politicalha paranaense é porque são cerceados pelo caráter e hombridade de Gustavo, que funcionam como poderosa barreira de contenção a baixaria característica dos boçais escalados para o serviço sujo. Contudo, na campanha que se aproxima, na qual teremos a reedição do entrechoque entre interesses difusos que vão do continuísmo à inconvincente tentativa de recuperação do terreno perdido, ou a renovação absoluta (o que seria melhor para a cidade), pode se esperar de tudo.

Campanha, aliás, à qual se poderia aplicar o pensamento da filósofa Olgária Matos para outro contexto, embora próximo do que se avizinha, em que pululam algumas “sombras que há muito tempo perderam suas pessoas”.   

 É nesse panorama que se embute a esperada candidatura de Fruet à prefeitura de Curitiba, concretizando o embate direto do ex-deputado com a nova nomenclatura que assumiu o controle do PSDB paranaense. Aliás, essa parece ser a sina desse político aberto ao diálogo e sintonizado com a modernidade, tendo em vista não ser a primeira vez que se sentiu preterido por “líderes” que abertamente parasitam a veleidade de pensar e resolver em nome do coletivo partidário, hoje relegado à condição de ectoplasma. 

Dado altamente instigante do processo atual remete ao comportamento do ex-governador Roberto Requião ao pulverizar a viabilidade de candidatura própria do PMDB à prefeitura (Gustavo seria o candidato), preferindo a coligação com o PT que insistia com Ângelo Vanhoni, simplesmente para esculpir mais uma derrota em alentada coleção.

Fruet que vem de uma disputa frustrada de uma das duas vagas abertas no Senado, numa situação estapafúrdia de disputar votos com o então deputado federal Ricardo Barros no interior da coligação formada para apoiar a eleição de Beto Richa ao governo, não apenas foi alijado da carreira parlamentar, como não teve alternativa mais conseqüente senão abandonar o barco apropriado pela nova nomenclatura socialdemocrata aboletada no comando da política paranaense.

A decisão foi forçada por indicativos explícitos de que a tendência da nomenclatura tucana, desde o desembarque de Cabral em Porto Seguro, estava decidida a apoiar a candidatura de Luciano Ducci (PSB) à reeleição.

Ducci, com o seu minúsculo partido, que não deixa de ser expressivo exemplo da arte da apropriação de suculentos nacos do aparelho de estado (salve Ana Arraes), foi aliado fiel de Beto em ambas as campanhas vitoriosas na eleição municipal. Agora reclama, com razão, a recíproca do apoio do governador e da máquina partidária a seu talante.

A estupenda votação que Gustavo obteve na tentativa de conquistar a cadeira no Senado, especialmente sendo uma eleição geral, serve para chancelar o referencial de político importante na capital, a meu ver, o mais importante dentre os novos nomes que despontam. Esse referencial, não há como negar, converge para a adiada candidatura de Gustavo à chefia do executivo municipal antecipando, é bom que se diga, uma disputa das mais emocionantes que colocará frente a frente um quadro ascendente no grupo que domina a administração da cidade desde os anos 70 do século passado, e o político que ainda jovem conheceu por experiência própria a banda podre da militância partidária, mesmo porque transitou em blocos majoritários em que a peçonha destilada pelos sobas é exatamente a mesma.

A eleição de 2012, especialmente nos municípios de médio e grande porte servirá para demarcar os prováveis rumos da disputa pelo governo dois anos depois. Uma conjuntura que o PT augura plenamente favorável à candidatura de Gleisi Hoffmann (ou seria Paulo Bernardo?), ao oferecer o candidato a vice-prefeito na chapa do PDT. O eleitor dará a palavra final.

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6 ideias sobre “Gustavo encara a nomenclatura

  1. de olho

    Esse texto é publicitário Ivan? Carregado de adjetivos para alçar Fruet a um pedestal! Ah…esqueceu de mencionar ou enumerar no seu informe quais os projetos importantes que Fruet apresentou para Curitiba já que ele é político de carreira e nunca teve um emprego na vida na iniciativa privada!

  2. Bitte

    Pois é, meu caro Zé.
    O velho Ivan tá que tá com o texto em dia.
    Devia ir lecionar, prá ver se coloca um pouco de ordem naquilo que a nova geração tenta escrever.
    Abs,
    Bitte

  3. Célio Heitor Guimarães

    Pois é, texto escorreito, sensato e inteligente, agora virou “publicitário”… Há pessoas que julgam os outros pelos seus próprios conceitos e valores. Sabe o que tem atrapalhado o Gustavo, caro Ivan? A honra e a ética dele. São produtos que, hoje, assuntam no mundo da política – dessa política rasteira que domina o cenário nacional em geral e o estadual em particular. Parabéns e que a nova geração aprenda com seus escritos, tão bem postos aqui pelo nosso ZB.

  4. Ivan Schmidt

    Valeu Bitte. Valeu Célio Heitor. O espaço que o Ze Beto nos proporciona, tenho certeza de que está sendo muito bem usado, especialmente para espargir alguma luz (mesmo de lamparina) sobre o acinzentado panorama político da terrinha… Aos insatisfeitos resta dizer que têm todo o direito de discordar e, no que me diz respeito, se tiverem adjetivos melhores que se manifestem! Nisso aí estou com o leão britânico, Churchill, para quem a democracia era uma droga, embora jamais tivesse ouvido falar de regime melhor.

  5. jodi Schinemann

    Grande Ivan,q bom ter ainda o q ler,textos,idéias q se assmelham ás lutas q emprendemos nos anos 80;Q esta sua prodigiosa capacidade de nos encantar continue ate sempre,gde ano e q o gde arquiteto lhe abençoe hoje e sempre

  6. Ana Claudia

    Parabéns , pelo texto!
    O Gustavo Fruet e o Maximo!!!!
    Seríssimo, grande Lideranca do Parana!!!
    Quem e esta Gleisi??????
    Virou senadora com as doações de grandes construtoras, a pedido
    Do governo federal !!! E por ser mulher do Paul Bernardo que era
    Ministro do Lula????
    Um absurdo!!
    Alias ela so foi para Itaipu por causa do pedido do maridao
    ao PT!!
    Este pais esta uma vergonha absoluta!!!
    Credoooooooooo!!!

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