16:28Cireno Brandalise, adeus

Da Gazeta do Povo:

Morre Cireno Brandalise, atacante do time do Furacão de 1949
Ex-jogador formou a dupla de ataque daquele time do Atlético com Jackson Nascimento

Cireno Brandalise, atacante do time que fez com que o Atlético ficasse conhecido como Furacão, em 1949, morreu na madrugada desta segunda-feira (6). O ex-jogador, quinto maior artilheiro da história do Rubro-Negro, estava com 89 anos e faleceu em razão de insuficiência cardíaca.

O velório de Cireno é realizado, desde a manhã desta segunda, no Salão Esmeralda do Crematório Vaticano, no bairro Pilarzinho, em Curitiba. O corpo será cremado no mesmo local, às 17h.

Esta é a segunda perda recente do time de 1949. No último dia 27, faleceu Nillo Biazzetto, capitão da equipe na época.
 
O termo Furacão foi dado ao Atlético naquele ano em razão da campanha realizada durante o Paranaense de 1949. O time alcançou a marca histórica de 11 vitórias em 12 partidas, com 49 gols a favor e apenas 19 contra. O recorde de 11 vitórias seguidas no Estadual só foi derrubado 59 anos depois, com o próprio Atlético em 2008.

História
 
Cireno veio do Guarani, de Ponta Grossa, e defendeu o Atlético entre 1942 e 1952. Neste período, conquistou os Estaduais de 1943, 1945 e 1949. Logo na sua estreia pelo Rubro-Negro, na primeira rodada do Paranaense de 42, o atacante marcou três gols.
 
Aos todo, Cireno balançou as redes 114 vezes pelo Atlético, o que o coloca como o quinto maior artilheiro da história do clube, atrás apenas de Sicupira, Jackson, Kléber e Marreco.

Em 1950, ele chegou a ser convocado para a seleção brasileira para participar de um período de preparação de 25 dias, em Minas Gerais, antes da Copa do Mundo no Brasil. No entanto, ele acabou cortado do elenco que participou do Mundial.
 
O avante ficou conhecido pela irreverência e pelas provocações aos adversários que, muitas vezess, acabavam em confusão.
 
No chamado “Atletiba dos 8 minutos”, em 1946, Cireno foi buscar a bola dentro do gol após o empate atleticano – ainda na reta inicial da partida. Na volta, arrancou o gorro do goleiro do Coxa, Belo. Uma confusão foi formada e Belo foi expulso. Cireno acabou não sendo punido e o Coritiba, em protesto, deixou o campo.

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Cireno era o próprio Furacão

por Leonardo Mendes Junior
Falar do Furacão de 49 sempre foi tema recorrente nas redações. Atletiba decisivo? Vamos ouvir alguém do time de 49. E esse alguém, invariavelmente, era Jackson do Nascimento, grande nome daquela equipe, sempre extremamente educado, atencioso e disponível com qualquer repórter que ligasse para ele querendo saber do Atlético daquele tempo e do Atlético dos dias de hoje.

A escolha quase sempre automática por Jackson me fez pensar por algum tempo que Cireno tivesse morrido. Fiquei surpreso quando perguntei ao mestre Aloar Ribeiro sobre Cireno e ele disse: “Não, tá vivo, sim” e explicou o que ele fazia, onde morava, detalhes que o Aloar sabia de cabeça. Então chegou mais um Atletiba e resolvi dar uma busca na lista telefônica on-line da Brasil Telecom. Escrevi “Cireno Brandalise” e, em poucos segundos, veio um número de telefone, que até hoje tenho anotado na agenda.

Digitei os números, o telefone tocou não mais do que quatro vezes e, do outro lado, atendeu uma voz levemente rouca, mas vigorosa, denotando idade avançada. Respondi: “Alô, é o Cireno Brandalise?”. Sim, era o Cireno Brandalise, e fiz a entrevista que, sinceramente, não lembro como foi usada, se em um box, ou como parte de uma matéria maior. Lembro-me com clareza da simpatia de Cireno e da paixão com que falava do Atlético. Sobre os Atletibas, não perdia o ar provocador de quem protagonizou uma das histórias mais marcantes do clássico, o Atletiba dos 8 minutos.

Era 1946 e o clássico começou quente. Logo no primeiro minuto, o Coritiba fez 1 a 0. Aos 6, Jackson empatou para o Rubro-Negro e Cireno foi buscar a bola dentro do gol. Na volta, arrancou o gorro do goleiro Belo, que usava o acessório para esconder a calvície. Seguiu-se uma enorme confusão. Belo foi expulso, Cireno não e o Coritiba, em protesto, retirou-se do gramado.

Cireno fez 114 gols pelo Atlético, é o quinto maior artilheiro da história do clube. Está atrás de Sicupira, Jackson, Kléber e Marreco. Mas sua herança para o Atlético vai além da vocação para fazer gols. Cireno ajudou a construir dois legados que moldam a personalidade e a história rubro-negra.

O Atlético de 49 virou Furacão pela maneira que varria seus adversários, contando principalmente com a força do ataque – mais especificamente, com a força da dupla Jackson e Cireno. A partir dali, o Atlético nunca mais deixou de ser Furacão e todos os grandes momentos do clube foram impulsionados por uma dupla matadora: Sicupira e Nilson Borges; Assis e Washington; Oséas e Paulo Rink; Kléber e Alex Mineiro. Duas marcas construídas pelos pés, pela cabeça e pelo coração de Cireno, que morreu ontem, em Curitiba.

É o segundo símbolo do Furacão de 49 a morrer em menos de um mês. Dois personagens importantes da história rubro-negra, mas com uma diferença: se Nillo era o Capitão Furacão, Cireno era o Furacão em pessoa.

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4 ideias sobre “Cireno Brandalise, adeus

  1. Carlos Alberto

    Prezado Beto.
    Reverencio o falecido, que teve o mérito de participar do grupo denominado Furacão.
    Como Coritibano, quero lembrar a invencibilidade do CORITIBA. Já perdi a conta de quantas partidas invictas. Como poderemos adjetivar o Glorioso,
    com esta série invicta. Você é criativo, ajude-me por favor!
    Gostei muito da tua participação na CBN, na semana passada. Precisamos de mais pessoas com a coragem e o desprendimento como você.
    Parabéns.

  2. zebeto

    obrigado. sobre o coritiba, há vários amigos jornalistas, torcedores do coritiba, que têm talento de sobra para adjetivar a série invicta. aguardo. abraço. saúde.

  3. Hamilton Luiz Nassif-Londrina

    Caro Ze Beto, Atleticano que se preza, mesmo sendo criativo, não presta homenagem à rival,principalmente sendo o Coritiba.F.C. ” pobre sim, pé de chinelo nunca “

  4. Carlos Alberto

    Obrigado, Zé.
    Mas não me decepcione. Sua alma criativa não deixará voce na mão.
    Aguardo. Um abraço de um fã.
    Carlos

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