9:56Eu tubo, tu tubas, entubamos

por Ivan Lessa*

Não sou, definitivamente, um internetemaníaco. Não acho que o mundo vai acabar, não endeuso Steve Jobs ou Bill Gates, sou da opinião de que há muito mais coisas interessantes a se fazer na vida do que passar horas e mais horas interagindo socialmente (embora não saiba dizer o quê), vendo fotos de bichinhos fazendo coisinhas engraçadas ou adquirindo cultura wikipedal.

Mas tem um troço. E tem sempre um troço. Caso contrário eu não teria gasto uma pequena fortuna com minha aparelhagem (a impressora caríssima debochando de mim sem fazer nada que preste) e outra fortuna semanal para chamar o “homem” aqui em casa vir resolver esse ou aquele outro problema.

Internet não é solução, é parte do problema, citando manhoso os hippies de outrora (a Wikipédia é profundamente injusta para com os anos 60 e 70).

No meio dessa barafunda, tenho que admitir que ainda dou “presente” todo dia nessa bodega. A televisão ainda está ganhando, mas os livros e os discos já partiram para o pódio afim de receberem medalhas de prata e bronze.

Refiro-me ao site YouTube, que todo mundo conhece e frequenta como o bebum bate ponto no bar e depois capota onde estiver dando sopa. Que Deus o proteja dos edifícios que explodem e caem no Rio de Janeiro.

Inda que desnecessário, dou dados sobre o popular site que ameaça, dizem os jornais, tomar conta do mundo. Antes eles que o Instituto de Preservação de Construções em Torno do Theatro Municipal do Rio.

No YouTube, o distinto ou a distinta coloca, ou upload, para parecer mais técnico, filmezinhos domésticos ou – esta minha mania – trechos de 2 a 10 minutos de cantores, músicos e filmes que se acreditava perdidos ou esquecidos.

Tá tudo lá. As estatísticas não mentem. Distorcem um pouco, mas não mentem como um candidato primário nos Estados Unidos.

A cada segundo uma hora de filmetes é atochada no YouTube, que, sereno, vai aguentando tudo, apesar de leis e berrarias da turma do contra dos direitos autorais.

É possível encontrar alguns filmes inteiros no YouTube, divididos ou não em partes. Das coisas mais bizantinas que você possa pensar, lá dos anos 30 aos 50.

Cantores que você jurava que não deixaram registro aural ou visual, trechos de comediota americana que só se viu dublada, desenhos animados inteiros (5 a 6 minutos), políticos politicando, reuniões familiares, gracinhas, seriedades – e pense numa coisa que ela está lá. Bolas, se eu estou lá. Busquem-me e vejam o ridículo.

Mais de 4 bilhões de vídeos são passados, uploaded, né?, todos os dias. Muita coisa em HD. 86 mil horas de footage são uploaded também todos os dias. YouTube é o terceiro website do planeta, só perdendo para o Google (lá estão os dados) e para o insuportável Facebook.

A YouTubação ainda perde, em matéria de audiência, para a televisão. Um YouTubeiro fica uns 15 minutos diários rondando o “local” feito um tarado no cinema poeira vagabundo ronda os banheiros das mocinhas ou dos mocinhos.

Já um britânico típico, se esse bicho existe, ou americano idem, fica umas 4 horas por dia diante do diabólico engenho da TV que, em minha opinião, é responsável por termos chegado a esse despropósito em que vivemos.

A Google (o Google?) informa tudo isso. No entanto, para jogar um copo de água fria nessa fervura informática, saibam que o site Google comprou por 1 bilhão de dólares o YouTube. Hmm…

Alguém andou ganhando e ganha os tubos com essa história toda. No meu caso, o “homem” que vem consertar os erros frequentes do box set.

De resto, para encerrar com um jogo de palavras idiota, como manda o figurino, está todo mundo entrando pela tubulação – e sem sentir. Haja travesseiro para morder.

*Colunista da BBC Brasil

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