10:07Beto Richa materializa governo Lerner: privatista e excludente

 por Enio Verri*

No início do ano, o jornal Gazeta do Povo publicou uma reportagem intitulada “Sim, é lernista”, em referência ao governador Beto Richa. “Durante a campanha, Beto Richa rechaçou a ‘acusação’ de ser lernista. Mas o início de sua gestão guarda semelhanças profundas com o período em que Jaime Lerner foi governador do Paraná, tanto na agenda política quanto na escolha da equipe”, apontou o texto (disponível em goo.gl/lWzdu).

A reportagem elencou as semelhanças do início dos dois governos. Da mesma maneira que Lerner, Richa nomeou Cássio Taniguchi como secretário do Planejamento. Pesa contra Richa, entretanto, um agravante: em 1995, Taniguchi ainda não havia sido condenado pelo STF por improbidade administrativa pelo pagamento de R$ 4,9 milhões em precatórios de desapropriação de imóveis não incluídos no orçamento da prefeitura de Curitiba.

Assim como o ex-governador do DEM, Richa também criou uma secretaria estadual para a esposa e iniciou o mandato prometendo uma ampla reforma administrativa na máquina pública.

Outra semelhança está na base política dos dois governos. Durval Amaral, secretário-chefe da Casa Civil, e Valdir Rossoni, presidente da Assembleia Legislativa, foram líderes do governo Lerner na Alep. O primeiro time do ex-governador do DEM também contava com os deputados Ademar Traiano e Élio Rush, líder e vice-líder do governo Richa na Assembleia, além de Nelson Justus e Plauto Miró.

A esquadra que hoje ocupa o núcleo cerebral do governo Richa é a mesma que comandou, na Alep, as votações que configuraram a agenda Lerner no Paraná: o pedágio, as privatizações, a venda do Banestado e o aprofundamento da concentração de riqueza no eixo Ponta Grossa – Região Metropolitana de Curitiba.

O prenúncio de que o Estado estaria entrando em uma nova era Lerner se materializou na agenda política adotada por Beto Richa no primeiro ano de seu mandato.

O Paraná está diante de políticas que, em vez de diminuir o desequilíbrio econômico e social, deverão potencializar a concentração de riqueza nas regiões mais desenvolvidas.  As duas principais ações do governo estadual para estimular o crescimento econômico em 2011 comprovam tal hipótese.

O programa Paraná Competitivo e a Agência Paraná de Desenvolvimento não oferecem incentivos diferenciados para indústrias se instalarem nas regiões mais pobres, exatamente aquelas que necessitam da interferência do governo para alavancar o desenvolvimento econômico e social. Que empresa irá escolher a região central ou pelo Vale do Ribeira, se os incentivos fiscais oferecidos pelo governo são os mesmos para os Campos Gerais, Região Metropolitana de Curitiba, Londrina ou Maringá?

A privatização é outro item da agenda lernista inerente ao governo Richa. Escapam, escancaradas, nas entrelinhas dos projetos da Agência Reguladora e das Organizações Sociais um revelador caráter privatista.

No episódio dos debates sobre a Agência Reguladora, o governo lançou mão de um sem número de argumentos políticos para tentar legitimar a proposta. Justificativas técnicas, indubitáveis, foram sumariamente esquecidas. Por que a criação de uma agência governamental para regular as estatais, como a Copel e Sanepar, se não abrir a possibilidade para futuras privatizações? O ano de 2011 termina e a sociedade ainda não recebeu a resposta.

Os paranaenses também não conhecem ao certo o que está em jogo em relação ao projeto das Organizações Sociais. Por que a absoluta pressa pela aprovação da matéria e a intransigência na recusa ao debate com a sociedade organizada? Um projeto que irá transferir responsabilidades do Estado para organizações privadas, podendo alterar profundamente a configuração do atendimento na área da saúde por um longo período, não deveria ter sido amplamente debatido por toda a sociedade? O governo Richa admite que não. A privatização está travestida nas possibilidades de terceirizações de serviços públicos.

A gestão do diálogo, eficiência e transparência, acontece, neste primeiro ano, por força de “tratoraços”, que resultam em medidas obscuras, mas que não conseguem esconder sua essência. O governo Beto Richa se configura na materialização, nove anos mais tarde, do modelo Lerner de gestão, que ficou marcado por ser amplamente nocivo ao Paraná e deixou cicatrizes perenes como os pedágios, as privatizações, a dívida do Banestado e a concentração de riquezas.

* Enio Verri, economista, é deputado estadual líder da oposição na Assembleia Legislativa e presidente do PT Paraná.

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11 ideias sobre “Beto Richa materializa governo Lerner: privatista e excludente

  1. ciro

    será mesmo que o verri acha que o governo requião foi melhor que Lerner? em quem mundo ele vive, o da escolinha do requião? se o governo richa for como o do lerner, será ótimo para o paraná. esses petistas realmente vivem no mundo da lua

  2. anonimo

    kkkk, como diz Zé Beto…

    A “sessão” de humor do blog continua sensacional.

    Este cara é uma piada…o governo federal privatizou rodovias, bancos, energia e está rpivatizando aeroportos e esta anta vem criticar aqui !??

    Hipócrita: devemos lembrá-lo que ele faz parte do mesmo governo que tem seu apoio garantido pelo sarney, jucá, collor e outros…

    Este tipo de político abusa da inteligência de quem sabe ler e ecrever. Demagogo, incoerente, visão curtíssima de polítiuca, só tem interesse em seus negócios partidários.

    Aliás, o que ele tem a dizer sobre o atual escandalo, do pimentel do pt? Nada, como sempre.

  3. ricardo crovador

    De duas uma: ou o Verri é muito tolo, ou tem problemas com a verdade. Reconheça: você não está nem aí para a tal lei… poderia ser qualquer coisa vinda do Richa, poderia ser a lei que redime a humanidade e você seria contra…
    Será que esses caras não percebem que a sociedade já não suporta mais esse clima de “atletiba” nem no próprio atletiba, quem dirá na administração pública…
    Burrice, intolerância, fanatismo, superficialidade… já encheu o saco, não é, Verri?

  4. JONATHAS FERREIRA

    MAIS O QUE O DEP. ENIO FALOU É A VERDADE, VCS. DO GOVERNO QUE DÃO SUA OPINIÃO NOS COMENTARIOS, DAQUI A 4 ANOS SERÃO TODOS GLEICE, O ENIO MATEM A COERENCIA É OPOSIÇAÕ, NEM CONHEÇO O GAJO, MAIS TEM MINHA SIMPATIA.

  5. Josi

    É esta é a Gazeta do Povo, quero dizer: Gazeta do Pt, do PB, da Gh, eles é que estão no comando das maiores privatizações do Brasil e o maior monopólio da Impensa Paranaense, mas falar deles nao da ibope, então Lenha no Beto Richa…. Querem que as pessoas morram ou mudem de profissão só parasitem oposição ao Beto, ora… Tenham paciência!!!!!!

  6. Rogério Piccoli

    Prezado Deputado Ênio Verri : com todo o respeito que qualquer cidadão merece, comparar Jaime Lerner com qualquer outro governador do Paraná, é uma brincadeira. Lerner, com certeza, esteve acima de todos, muito além do atual governador e muito mais ainda do governador anterior, de cujo governo o nobre deputado foi um dos integrantes. Se Lerner é uma referência mundial, como falar mal do nosso ex-governador? Talvez, uma maneira mais inteligente da bancada de que o prezado deputado é lider, seria analisar situação exposta ao deputado Tadeu Veneri, sem nenhuma resposta até o momento, e dar a ela o encaminhamento sugerido, de forma a que forçe o governo do estado gastar melhor os recursos públicos disponíveis, direcionando-os a investimentos sociais e não proporcionando enriquecimento de entidades e pessoas privadas, conforme ocorre atualmente. Como partido de oposição ao governo, seria uma brilhante iniciativa do PT se isso se tornasse factível, até mesmo para sanar referida inconsistência que passou incólume pelo governo de que o nobre deputado fez parte.

  7. Cidadã

    O Verri que me desculpe, mas esse discurso é mais do que antigo. Não é mais usado por ninguém, incluindo o PT, haja vista que os governos Lula e Dilma fazem a mesma coisa, só que utilizando o eufemismo concessão.
    Quanto à secretaria criada para Fernanda Richa, acho que nem precisa de justificativa diante do trabalho que ela tem desenvolvido nos últimos anos.
    Nosso problema não é esse, mas sim essa epidemia de corrupação, herança maldita deixada por Lula e Dilma, que já era ministra-chefe da Casa Civil. E, nepotismo por nepotismo… seria impeditivo pra que Gleici e Paulo Bernardo atuassem como ministros ao mesmo tempo?
    Tenha dó!

  8. Bellegard

    É expressionante, como diz o titular do blog, como a genialidade do Lerner faz mal aos espíritos desprovidos de luz própria. O cara foi secretário do Requião, o que por si só já dá a dimensão de sua competência, e tem coragem de vir com essa conversa mole quase 10 anos depois da saída do Lerner do cenário político.

  9. ricardo crovador

    Rogério, só uma pequena correção. O lerner é internacionalmente reconhecido como prefeito de Curitiba. Como governador, a amplidão de sua coligação acabou por encher de tralha o seu governo, especialmente o segundo. Acho que fora daqui nem sabem que ele foi governador do Paraná.

  10. João

    Os petistas se superam a cada dia!!! Nunca vi tanta burrice escrita de uma só vez. Quando acólito do governo Requião, nunca se ouviu uma palavra desse deputado para reclamar contra os desmandos então praticados (nepotismo, acobertamento de maracutaias, incompetência, ineficiência administrativa, etc, etc.). Agora que transparecem os oito anos de atraso a que o Paraná foi submetido ele quer jogar para a tordida? É muita cara de pau!!!

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