15:31PARA NUNCA ESQUECER

Garrincha

Ele ganhou um Fusca que o levava à casinha de conjunto habitacional onde sete filhas o esperavam depois do show no Maracanã. Então ia bater uma bola com os amigos de sempre no chão de terra batida. Jogava descalço, como sempre fez antes de se tornar um mito nos gramados do mundo. Aí, encerrada a pelada, com os dois melhores amigos se dirigia ao boteco de sempre para derrubar algumas cervejas e, muitas vezes, cachaça com Coca-Cola, o famoso “samba”. Amava os passarinhos e  a vida simples. Foi sempre assim até ser levado pelo vício do álcool. Algumas destas cenas estão no documentário “Garrincha, alegria do povo”,  de Joaquim Pedro de Andrade, que o Canal Brasil tem passado nessa época em que os jogadores não parecem mais humanos, são garotos-propaganda milionários e  o povo quase não fala na arte de se jogar bola, uma coisa que o senhor Manuel Francisco Santos sabia demais, ao ponto de nos dar a Copa do Mundo, a de 1962, a segunda de sua vida. E ele jogava ao lado do Rei Pelé (os dois juntos fizeram mais de quarenta jogos pela seleção e nunca perderam), Didi e Nilton Santos, seu parceiro no Botafogo. Um outro gênio brasileiro, Nelson Rodrigues, escreveu a frase definitiva sobre este anjo das pernas tortas: “Um Garrincha transcende todos os padrões de julgamento. Estou certo de que o próprio Juízo Final há de sentir-se incompetente para opinar sobre o nosso Mané”.

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