5:21A OAB e apoio à campanha da Gazeta do Povo

Da Gazeta do Povo, em reportagem de Rogerio Waldrigues Galindo:

Mobilização pela ética vai às ruas e ganha apoio nacional
Curitiba e cidades do interior terão manifestações no próximo dia 8. OAB nacional aprova moção de apoio à campanha paranaense

 A campanha pela moralização da política paranaense acaba de dar dois passos importantes. Por um lado, o movimento “O Paraná que nós queremos” ganhou força nacional, com o apoio de todas as seccionais da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Por outro, a mobilização está prestes a ganhar as ruas. Uma manifestação está marcada para o próximo dia 8 em Curitiba e em várias cidades do interior do estado.

A moção de apoio à iniciativa da OAB paranaense veio de Fortaleza, onde todos os presidentes regionais da ordem se reuniram sexta-feira. O presidente nacional da Ordem, Ophir Cavalcante, mostrou as irregularidades na Assembleia Legis­­lativa do Paraná trazidas à tona pela série “Diários Secretos”, da Gazeta do Povo e da RPC TV. Depois, apresentou a moção de apoio. E o resultado foi a aprovação por unanimidade. “O Paraná está dando um brado que vai ecoar por todo o país”, afirmou Ca­valcante (veja entrevista abaixo).

“Para nós é muito importante esse reconhecimento das seccionais e do Conselho Federal da OAB”, afirmou José Lúcio Glomb, presidente da Ordem no Paraná. “O Paraná está dando o exemplo de que o Brasil não pode mais continuar convivendo com atos de imoralidade na política. A indignação que nasceu no nosso estado está tendo repercussão em todo o país”, disse o presidente da OAB-PR.

Manifestações

No dia 8 de junho será a hora de o movimento chegar às ruas. Em Curitiba, a manifestação será na Boca Maldita. Mais de 6 mil entidades, empresas e pessoas já assinaram o manifesto do movimento. No entanto, para participar da manifestação não é necessário fazer a adesão formal.

“Vai ser a hora de o povo mostrar a conscientização de que é necessário fazer mudanças”, diz Glomb. Várias cidades do interior também estão programando manifestações para o mesmo dia. Já há movimentação em Londri­­­na, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel, Foz do Iguaçu e Pato Branco.

Várias entidades já declararam apoio às manifestações. A Associação Comercial do Paraná, por exemplo, afirma que vai enviar correspondência aos seus 8 mil associados convidando para o ato. “Nosso papel é de fazer essa intermediação. De dar o caminho para que as pessoas se mobilizem”, diz Avani Slomp Rodrigues, presidente da associação.

A Federação das Indústrias do Estado do Paraná também apoia a manifestação. “É um desdobramento natural e importante dessa campanha que está sensibilizando um número crescente de pessoas”, afirma o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures. “Por meio da nossa rede de participação política estamos animando as pessoas a participar deste movimento, em Curitiba e diversas cidades do interior”, diz.

Centrais sindicais

As principais centrais sindicais do país também aderiram à ideia da manifestação. A Força Sin­dical, que nesta semana se tornou signatária do manifesto, diz que não só vai mobilizar os sindicatos ligados a ela como também vai montar painéis nas principais cidades do interior para mostrar quais os deputados que votam a favor das mudanças consideradas mais importantes para dar transparência à política estadual.

“Vamos ligar para os 54 deputados estaduais e ver quais são contra e quais são a favor dessas propostas. Teremos uma terceira coluna para os que estão em cima do muro”, afirma Nelson Silva de Souza, diretor de Mo­­bilização da central. Em Curitiba, quem promete montar um painel com a posição dos deputados é a União Geral dos Traba­­­lhadores.

A Central Única dos Traba­­­lhadores também diz que participará da mobilização. “Estamos apoiando a campanha e acreditamos que é preciso obter mudanças profundas”, afirma o presidente da CUT no Paraná, Roni Anderson Barbosa.

———-

“A sociedade descobriu que é ela quem manda”

Entrevista de Ophir Cavalcante a Rogerio Waldrigues Galindo

Desde que assumiu o posto de presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, em fevereiro deste ano, o paraense Ophir Cavalcante fez questão de deixar claro que o combate à corrupção e à impunidade seria prioridade na sua gestão. Em seu discurso de posse já jogou duro com os políticos. Depois, mostrou que estava falando sério quando surgiram as denúncias contra o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda. Pediu o seu afastamento e até a sua prisão, que acabou acontecendo.

Agora, Cavalcante decidiu encampar a luta da sociedade paranaense contra a falta de moralidade na política. No próximo dia 8, promete vir ao estado para participar da manifestação na Boca Maldita, em Curitiba. “Este movimento pode mudar a história da política no Brasil, não só no Paraná”, diz. Veja a entrevista concedida por ele com exclusividade à Gazeta do Povo na sexta-feira, de Fortaleza:

Por que a OAB nacional decidiu apoiar a campanha paranaense?

A Ordem mostrou com essa votação que está unida em torno dessa luta. Esse movimento pode mudar a história da política no Brasil, não só no Paraná. É um movimento simbólico, que está tendo repercussão nacional. A sociedade está dizendo de forma uníssona: “Chega de corrupção”. Queremos ética na política e a Ordem está envolvida nessa luta. Vamos promover ações em todos os estados da federação. E vou ao Paraná no dia 8 para dar apoio a esse movimento de limpeza na política. O Paraná está dando um brado que vai ecoar em todo o país.

A impressão que se tem é de que o combate à corrupção ficou mais forte nos últimos tempos. É assim mesmo?

O combate aumentou e a divulgação pela imprensa tem sido muito importante. Esse casamento da sociedade civil com a imprensa se mostra fundamental para indicar novos caminhos e para que haja o compromisso dos homens públicos com a moralidade.

O combate à corrupção tem sido uma de suas principais bandeiras na OAB.

Sim, desde que assumi, em fevereiro, lancei essa bandeira. E, em seguida, mostramos que não queremos só lançar palavras ao vento. Trabalhamos junto com a sociedade e conseguimos afastar o governador José Roberto Arruda, do Distrito Federal.

Depois de tantos escândalos e de tantas tentativas de trazer ética para a política, ainda é possível manter a esperança de que as coisas mudem?

É possível mudar, sim, com certeza. Este é o momento em que a sociedade brasileira tomou consciência e descobriu que ela é quem manda, que ela deve exigir que os homens públicos hajam em nome da coletividade e que não deve deixar que os mandatos sejam exercidos em nome de uns poucos que querem se dar bem.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.