7:32O Teatro de Bonecos Dadá e a militância política na Curitiba dos anos 60

Adair Chevonicka, Euclides Coelho de Souza e alguns dos personagens do “Teatro de Bonecos Dadá”
Foto de Gilson Camargo 

A entrevista que segue faz parte de um documentário sobre o teatro político que era feito em Curitiba nos anos 60. É baseado na tese de mestrado da jornalista Ana Carolina Caldas que, na nova empreitada, tem a companhia do cineasta Tulio Viaro e do fotógrafo Gilson Camargo.  Para os interessados no trabalho: www.teatropolitico60.wordpress.com

Euclides Coelho de Souza era um jovem estudante de Engenharia da Universidade Federal do Paraná em 1959 e já ocupava no Partido Comunista o cargo de Secretário da Juventude. Foi neste momento que o teatro entrou na sua vida. Tudo começou quando a advogada comunista, dra. Terezinha Garcia, lhe trouxe um recorte de jornal com a peça “Patria o Muerte”,  sobre a Revolução Cubana – recém escrita no Rio de Janeiro por Oduvaldo Viana Filho, o Vianinha. Terezinha o convenceu a chamar a juventude “já metida em teatro” para encenar o texto em praça pública. De fato, Euclides arregimentou não só estudantes, como artistas e intelectuais que foram se integrando neste movimento que começou como Teatro do Povo em 1959, e depois, para se tornar independente da relação com o Partido Comunista se transformou na Sociedade de Arte Popular. Em 1961, inicia-se um momento mais institucionalizado do grupo, quando se integram a onda nacional dos Centros Populares de Cultura da Une que chegam ao fim  com o Golpe Militar em 1964.

Euclides não era ator e pouco sabia do manejo dos bonecos que tempos depois o transformaram no conhecido titeriteiro “Dadá,” do Teatro de Bonecos Dadá. E o que poucos sabem é que o nome Dadá, que o tornou conhecido, era o apelido de  Adair, sua esposa, que é personagem importante desta história. Desde a década de 1960 é sua parceira no mundo em que foram descobrindo, criando e recriando: o da Arte como instrumento de conscientização política, de formação e principalmente, neste caso, de realização dos seus sonhos pessoais.
A residência do casal em Campo Magro, região metropolitana de Curitiba, abriga no andar térreo um pequeno teatro, pouco utilizado ultimamente. Equipamentos de som, luz, bancos e cadeiras para crianças dividem espaço com os bonecos atrás do palco, todos ali montados, guardados, a espera do próximo espetáculo. Lá se vão alguns anos desde que Dadá juntamente com a  esposa e parceira de trabalho deixaram o Bosque Gutierrez que abrigava o famoso “Teatro de Bonecos Dadá”, que o consolidou como um dos principais titeriteiros da cidade. Os seus títeres fizeram parte da infância de muita gente por aí, e pudemos testemunhar durante a entrevista, que ainda fazem parte das lembranças e do cotidiano de Euclides e Adair. Cercado de bonecos, Euclides nos relatou como eles entraram na história do teatro político da Curitiba dos anos 60, nos relatou passagens engraçadas, como o dia em que ele teve que virar Fidel Castro em praça pública: “foi quando virei ator” e nos falou também dos amigos e parceiros, como Walmor Marcelino, que segundo Euclides “era o mais culto entre nós e começou a dar idéias, de Sartre, Camus… todo aquele existencialismo de que ele era fã…”. Adair que assistia nos bastidores a entrevista, aos poucos, foi alinhavando alguns pedaços desta história e nos contou belíssimas passagens, principalmente no que diz respeito à relação entre a arte, a educação e a política. Ao final da entrevista, como uma das boas lembranças que guardam dos tempos do Teatro de Bonecos Dadá, o casal titeriteiro reviveu à nossa frente outra dupla inseparável: Belarmino e Gabriela!

Como se originou este movimento do “teatro político” em Curitiba?

EUCLIDES:  Na verdade isso começou com a invasão americana em Cuba; e então, como reagir? Os jornais, na maioria reacionários, não falavam nada sobre Cuba. Tinha uma advogada no Partido Comunista, a Terezinha Garcia, que era metida assim com os intelectuais, chegou um dia para mim e me disse: “Olha, li no “O Semanário” uma peça de teatro chamada “Pátria o Muerte”, do Vianinha, vamos montar esta peça!” Montamos a peça na sede do Partido Comunista. Um cara conseguiu um caminhão para gente ir em cima e apresentar na rua. E tinham muitos artistas que trabalhavam com o Maranhão, que era do Teatro dos Estudantes do Paraná e era da base do partido. O que eu fiz? Eu era o secretário da Juventude do Partido. Falei com o Secretário  Geral  e disse a ele: Vou chamar todos eles e colocar aqui. Veio todo mundo e começamos os ensaios. Eu que era apenas o coordenador daquilo tudo passei a ator. Na peça tinha o Fidel Castro e o cara que ia fazer o Fidel brigou com o diretor. Faltando dois dias para estrear a peça o rapaz foi embora. Eu fui a vítima e tive que ser o Fidel. Tinha pelado o cabelo, estava sem barba… lá vou eu ser o Fidel Castro, o que me valeu alguns dias de cadeia só por isso (…)

Então, assim que começou, ninguém dali fazia teatro. Vivia no meio, mas, não era artista e tal. Entre nós tinha a Marisa que era mais de teatro e o Walmor Marcelino. Ele nos foi apresentado pela Terezinha Garcia; estava vindo do Rio Grande do Sul, onde estudava Filosofia e eles dois propuseram fazer uma Associação. Era antes Teatro do Povo e passou a ser chamada Sociedade de Arte Popular. E o Walmor, que era o mais culto entre nós começou a dar idéias, de Sartre, Camus… todo aquele existencialismo de que ele era fã…

… fizemos um livro ouro. Mas nosso livro ouro só podia ser feito a lápis, porque chegava no fim do dia a gente ía tomar chopp lá na Guairacá e apagava, colocávamos mais um zero e de 20 passava para 200. Pois, quando a gente chegava na frente de um deputado e ele via que o cara tinha dado 20, ele dava 30. Mas se via 200, era outra coisa. Acabou que o livro ouro fez sucesso e nós conseguimos montar a peça de novo.

Fizemos em um dia só a peça “Subterrâneos da Cidade” do Walmor, para o dia do trabalho. Fizemos no Teatro Guaíra, que naquele tempo era só cimento. E depois fizemos “Os Justos” de Albert Camus. Uma peça revolucionária na Rússia e o Walmor fez uma coisa brilhante conosco. Ao lermos a peça tinha um personagem, o materialista, que ele acaba colocando na nossa peça bem mais reacionário que o cristão. Mudavámos os textos… porque no CPC nós éramos desaforados!

E o Walmor Marcelino? Me fala um pouco mais dele…

EUCLIDES: Eles, do Partido Comunista, pegavam um pouco no pé do Walmor Marcelino porque  ele era existencialista. Um dia chegou o Dr. Jorge Karam que era um dos três chefes aqui do partido e falou assim para mim: “Euclides, você está em má situação. Esse rapaz é existencialista.” Eu disse: “Nós sabemos, mas nós não vamos trabalhar só com comunista. Porque não tem tantos assim para fazer peça de teatro. Temos que ir com quem está colaborando. Vamos também colocar nosso temas, nossas peças.” Mas, o Walmor acabou ficando, convivendo com os comunistas deste jeito… ele só foi embora quando formamos o Centro Popular de Cultura, no final em 1962. Teve um momento até chegar ao CPC da Une que paramos as atividades, houve um esvaziamento.

Como é que o movimento chega na formação do Centro Popular de Cultura da UNE?

EUCLIDES: Um belo dia eu estava tomando chopp na Guairacá. Entra o Marco Aurélio Garcia, que hoje trabalha lá com o Lula. Na época vice presidente da UNE, que tinha vindo para uma reunião do Partido Comunista aqui no Paraná. E ele na mesa, com um povo conhecido do partido, me perguntou o que eu fazia. Falei que fazia teatro mas que o grupo tinha acabado. Aí ele fala: “estamos eu e Aldo Arantes fundando o Centro Popular de Cultura da UNE no Rio de Janeiro, não quer ir pra lá?” Eu falei: “tá aqui minha maletinha, tô indo!” Fui embora para o Rio e chegando lá tive uns probleminhas, claro, com uns menininhos filhinhos de papai da curriola do Vianinha! Mas, tinham outros caboclos bons, da pesada. Eles lutaram para eu entrar numa tal de UNE Volante. Eu participei então  da primeira UNE Volante que correu o Brasil inteiro. O Jango nos deu um avião para nós fazermos esta subversão. Não é para rimar não, mas foi a verdade. Estávamos fazendo parte de uma grande onda nacional! Para você ter uma idéia, o disquinho produzido pela UNE “Canto ao Povo” vendeu mais que a Divina, que fazia sucesso na época, e vendia rápido…

… mas já num segundo momento, o pessoal do CPC que tinha viajado pelo Brasil, conhecido a cultura brasileira, viu que não dava mais para continuarmos fazendo o que estávamos fazendo. Aquilo de texto panfletário era para comício… um exemplo foi em São Luis do Maranhão quando o Vianinha vai fazer a esquete da peça escrita no CPC da UNE , que era o  “Não tem imperialismo no Brasil”, o pessoal ficou olhando… ele de roupa assim comum, apenas com a cartola do Tio Sam… daqui a pouco desce o Boi com umas oitocentas  pessoas batendo matraca… daí não tinha como competir!

Quando acabaram as viagens, todo mundo voltou para fundar os CPCs locais junto com as UPES. Eu voltei designado para fundar o CPC do Paraná. Que era como agora um Ponto de Cultura. Para os locais, o objetivo era fundar CPCs pelos municípios.

Resumindo, o que foi o Centro Popular de Cultura?

EUCLIDES: Eu não quero ser saudosista e nem reacionário, mas, quero dizer que não houve um movimento cultural que tivesse a força que o CPC teve em apenas três anos. A juventude brasileira, a juventude artística e aqueles que estavam fazendo cursos que não gostavam foram deixando para entrar no CPC. Era um local que chegava ali na porta, perguntava se dava para entrar e já pegava um personagem. O Flavio Migliaccio, por exemplo, era porteiro do Teatro de Arena e ai o Boal olhou, olhou … só menino gordinho, bonito e de olhos azuis, não dava pra fazer o Zé da Silva. Olhou para o porteiro: “Vem cá você, é o próprio Zé da Silva.” O CPC tinha isso também, de não discriminar ninguém… e outra coisa, eram 24 horas de trabalho, não foi feito na brincadeira tomando chopp na Guairacá! O Carlinhos Lyra dormia debaixo da mesa da UNE… era ele e o Chico de Assis, ficavam fazendo música e dormiam ali mesmo. O Jango deu avião por que não tinha mais jeito, tinha uma União Nacional dos Estudantes nos cornos dele e todo um movimento cultural. Ele deu porque aquilo tudo já tinha muita força… o Vianinha no Arena fez o que fez porque tinha uma classe média paulista politizada e que íam ver aqueles espetáculos…

Existia muita polêmica e ainda existe quando se analisa este movimento político cultural no que se refere à relação entre estética e política…

EUCLIDES:  Era assim que acontecia no CPC da UNE. Reunia aqui nós cinco e aí: “que peça vamos fazer hoje? Vamos fazer sobre Roberto Requião?” Aí faziamos peça sobre Roberto Requião, não tinha conversa fiada. Na representação não dava tempo de ter tantas imagens. Na nossa peça “Patria o Muerte” que usávamos as plaquinhas, era porque não dava para montar uma peça subversiva com personagem shakeasperiano. Era impossível! Então quem era puta, era puta e estava escrito na placa do personagem. Fidel Castro também com a sua plaquinha. O povo Já sabia  quem era quem. E o que nos interessava era agitar o problema da invasão dos americanos em Cuba. Não que nós dispensássemos a parte bonita…. mas a forma dependia do conteúdo.

E a história do CPC aqui no Paraná com a alfabetização de adultos, como se deu?

EUCLIDES:   Naquele momento o governo João Goulart começou a fazer a campanha nacional contra o analfabetismo e as Secretarias Municipais e Estaduais de Educação fizeram convênios. Então, mesmo os governos reacionários começaram a chamar o Paulo Freire. E até mandaram me chamar; a Secretaria de Educação daqui. Porque fizeram uma audiência para iniciar a campanha com coordenadores de educação de vários municípios e chamaram nós do CPC. Quem fez a palestra foi Paulo Freire. Eram duas horas nesta primeira etapa. Sei que quando terminou a professorada toda saiu correndo, foram para a Secretaria de Educação que ficava ali pertinho e falaram: “Não voltamos, ele é comunista.” Logo o Paulo Freire, o mais cristão que esta revolução já teve! Depois do intervalo, elas não voltaram e ficaram lá sete caras idiotas olhando para o Paulo Freire, todos nós do CPC. Falamos para ele. “Você pode falar qualquer coisa que já estamos convencidos. Vamos para o pau e não tem conversa!” Mas ele na palestra para as professoras foi meio violento… eu me lembro que ele falou: “Se não sair por bem esta revolução nós faremos como um parto com um bisturi. Cortamos a barriga da mãe e tiramos de qualquer maneira este método de alfabetização.”

… aí as mocinhas da Secretaria não sabiam desenvolver o método. E descobriram que tinha um cara que andava de chinelo e bebendo cachaça na Rua XV que sabia. Era eu. Até que elas faziam bonito ensinar lá a palavra ti-jo-lo. Mas, quando chegava na parte social da palavra, que era a palavra geradora, não sabiam… não sabiam fazer a interação com os alunos, que era este o método. Então eu chamei a Adair e outra menina que também era professora para dar esta parte, só que nunca funcionou na hora de escrever. Acabou o espetáculo, acende a luz e vamos escrever. Não porque éramos ruins, mas o método furava. Passava a ser igual a qualquer outro método… pode ser que com o tempo fossem sendo descobertos alguns segredos para melhorar, mas, eu passei a ser o coordenador de Alfabetização de Adultos. Acabei deixando no CPC o Teatro de Adultos para outra pessoa tocar.

Foi aí  na parte da educação que você começa ter maior participação, Adair?

ADAIR: Eu era professora primária no Colégio Julia Wanderley e era formada pelo Instituto de Educação. Tinha uma amiga, a Miriam, que era formada em Geografia, amiga desde adolescência. Aquelas amigas que a a gente conversa sobre a vida, sobre perspectivas, sobre o que é válido para gente. Vimos no jornal que ia ter um curso de teatro no Guaíra… eu nunca tinha visto teatro, quem dirá teatro de bonecos. Eu disse “Vamos fazer o curso pra gente ver o que é esse tal de teatro.” E chegamos as duas no CPC. Para nós, era um ambiente fascinante. Porque tudo aquilo que a gente criticava… eu chegava a rezar para que Deus me fizesse igual a todo mundo… porque eu não conseguia aceitar certas coisas… mas, de repente entro num ambiente que todo mundo era igual a mim, todo mundo falava, tinha dúvidas, criticava. Foi muito fascinante. Eu sempre tive bastante habilidade manual, tanto que na Escola Normal eu que preparava as aulas de todo mundo. Aprendi a fazer o boneco e a roupa do boneco, mas não sabia da mecânica, de como fazer um espetáculo, que repertório levar. O Euclides criou um curso do CPC no Teatro Guaíra e trouxe o Giani Rato para a parte do teatro e também a Helena Sanches e o Joel Barcelos para a parte dos bonecos. Neste curso foram vários estudantes, professoras. Daí tentamos fazer um grupo, mas não sabíamos nada, nem texto pra montar tínhamos…

… daí que a Helena consegue este curso na Escolinha de Teatro no Rio de Janeiro para o Dadá aprender com uns titeriteiros argentinos, o Ilo Krugli e o Pedro. Foi aí que a gente começou a desenvolver o teatro de bonecos. Foi aí que começou o meu envolvimento com o CPC.

Como a gente era professora e eles íam lançar o projeto de alfabetização de adultos, então esta parte eu dominava bastante, a parte didática mesmo. E as primeiras montagens que fizemos de teatro no CPC, a gente fez muito para que eles pudessem entrar em duas favelas para iniciar a alfabetização. Era difícil você entrar na favela sem uma justificativa. Tinham raiva, diziam que todo mundo ia lá só em época de eleição… descobrimos então que a gente levando o teatro para crianças entrava com facilidade na favela e começava a ser simpático. As crianças vinham, as mães também, e foi mais fácil para eles montarem os cursos de alfabetização. Depois eu continuei com os bonecos para o resto da vida.

EUCLIDES: Aquelas peças nós levávamos para entrar na favela e para tirar as palavras geradoras. Nós descobrimos na época, por nós mesmos, que o analfabeto, aquele homem operário, limpador de privada ou catador de papel, o boneco podia chamar ele de analfabeto. Fosse você da universidade chamar ele de analfabeto, você não entrava nunca mais na favela. E o boneco gritava “Você não sabe nem escrever!!” Então, o teatro de bonecos é bem entendido pelo povo e pelas crianças. Tanto que hoje eu digo “não é teatro infantil”, é teatro familiar. Diz um titeriteiro ai que só muda a linguagem.

E  como é que fica tudo isso com a instauração do Golpe Militar?

EUCLIDES: Nós  tinhamos nosso centro, estava cheio dos projetorzinhos do método de alfabetização e uns cinquenta filmes da Tchecoslovácquia sobre bonecos. Tinha tudo, livros de arte, cartazes. Morava eu lá no porão e as vezes quando acabava muito tarde dormiam outras pessoas. Quando houve o golpe eu estava no DCE fazendo a resistência, uma das maiores resistências que teve. O exército já tinha cercado o DCE todo. Tinha uma peruana que morava na Casa das Estudantes, ela nos colocou, eu e a um amigo para dentro da casa, no telhado, fomos escorregando ate o outro lado da rua. E nunca mais. Só soube que eles entraram na sede do CPC porque foram pegar o cara que morava na casa mesmo. E daí, já viu, porão de comunista sempre tem alguma coisa. Será que não está cheio de bomba ali dentro? Vamos abrir. Quando abriram, era o Centro Popular de Cultura com tudo. Levaram tudo.

Para você, qual é a função social da arte?

EUCLIDES: A arte serve para politizar. Um cara perguntou para o Lênin “Como é que eu viro comunista?” E ele disse: “Pela sensibilidade”. O que é que arte dá ao ser humano? A sensibilidade. Daí você vai estudar história, economia, ler Mao Tse Tung… mas, depois que você já tem a sensibilidade.

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