por Zé da Silva

Capricórnio

A imagem da santa caiu várias vezes e, deitada, viu alguns botons comprados e jogados ali por acaso, na barafunda de uma mesa onde tudo cabe, até um homem sentado à sua frente e escrevendo. A santa olhou e viu Snoopy, Betty Boop, Keith Richards, Make love, not war e Zé do Caixão. Havia também um cartão escrito “Você é muito importante para o Projeto Evangelizar é Preciso – Feliz dia das Mães”. De mãos postas ela agradeceu, porque mãe de todos os brasileiros que conhecem bem o santuário na beira da estrada entre São Paulo e Rio de Janeiro. Uma mão, carinhosa, colocou-a em pé. Uma luz de abajur iluminou-a. Ele não sabe o motivo, mas lembrou da rede onde ela foi resgatada pelos pescadores no rio de águas barrentas e do jogador que colocava uma imagem sob as ataduras do tornozelo que um dia foi fraturado e que acreditava ser ela a responsável pelo retorno aos campos. Nossa Senhora! Aparecida do Norte. Ele escreveu e foi dormir como se viver fosse, de fato, um grande milagre.