Hoje compreendo que foi nesse dia que pus em questão minha sanidade mental, o que me preocupou marginalmente durante algum tempo, mas foi logo dissipado pela inelutável constatação de que não existe sanidade mental ou normalidade e nós todos somos – é horrível para mim reconhecer isto, pois considero a maior parte dos outros imbecil ou imbecilizada e acho a espécie humana espantosamente atrasada – portadores de tudo o que temos na conta de bom ou ruim nos outros, truísmo já surrado desde a Antiguidade.
Do livro “Diário do Farol“, de João Ubaldo Ribeiro