18:12O empreguismo imoral e o almoço de domingo

De Rogerio Distefano, no Maxblog (www.maxblog.com.br), em duas notas que comprovam ser dele um dos textos mais afiados e contundentes da província:

O pão do diabo padeiro

Hoje é domingo. Nelson Justus, Alexandre Curi, Abib Miguel, Rachide Massari têm uma trégua, precisam desfrutar o almoço em família – sempre maior, mais alargada, melhor nutrida e empregada que as nossas, que sustentamos as deles.

Vamos falar em gênero, não da espécie do primeiro parágrafo. Do empreguismo imoral, que existe no poder legislativo da União, dos estados e dos municípios. Não é só para proteger os parentes que se querem poupar dos azares da vida aqui fora, a chatice de manter emprego, disputar concurso, em suma comer o pão do diabo padeiro.

Os pais políticos comeram barro, sofreram o diabo para conseguir o mandato, e isso vale por três gerações, nem o último neto terá sido suficientemente recompensado. E o povo que o elegeu, ora, o povo que se exploda.

O empreguismo imoral do Legislativo – e só dele, não é incrível? – também tem fantasma, funcionário fictício, que não aparece nem se materializa. Que nasce pelo deslavado estelionato de fajutar identidade, cpf, conta no banco, endereço mandrake.

O empreguismo legislativo no Paraná está sendo desvendado agora, graças a Nelson Justus – que não o inventou, mas o assumiu com a lealdade dos cúmplices, que se achava tão esperto, mas tão esperto, que pensou levar no bico a nós, à Gazeta e até a Olympio Sotto Maior, o procurador geral da Justiça.
Não se costuma analisar o empreguismo fantasma, o pior e mais nocivo de todos: alguém é nomeado para o cargo, concordando ou ignorando, para repassar parte ou o total do salário para quem o nomeia. Para quê? Simples, fazer caixa para a campanha seguinte – ou, na hipótese mais prosaica, aumentar a renda e patrimônio de quem nomeou.
O empreguismo de fantasmas é peculato, o crime de que ninguém mais fala, morto, não pelo desuso, muito ao contrário, mas pela falta de processo. No Brasil os políticos se elegem para pavimentar o caminho para a reeleição ou para o enriquecimento. E salvo honrosas e raríssimas exceções para as duas coisas.
Isso explica a quantidade de funcionários nas casas do poder legislativo, de salários tão irreais face seus equivalentes no Executivo e Judiciário, em números tão acima de suas necessidades que não são publicados os atos de nomeação e nem os quantitativos de lotação e quadros.
O empreguismo legislativo precisa ser vasto, extenso e bem pago, para aumentar renda e patrimônio. Escândalos como o dos fantasmas nos revelam os efeitos, nunca as causas. O brasileiro não costuma raciocinar (diria que não gosta), fato inquestionável de nossa cultura e formação.
Como não gostamos de raciocinar, nunca vamos às causas. Além de não sabermos chegar até elas por sermos curtos no raciocínio e imediatistas na vida, as causas definitivamente não nos interessam além de um casual comentário malicioso, limite da atitude fatalista, da irremediabilidade de nossos costumes. Depois voltamos a dormir eternamente neste berço nem tão esplêndido. 

Texto e contexto 

Nelson Justus ganhou nota de rodapé no Estadão, com direito à foto de cabelão e dedinho em riste. Não é pouca coisa, está na página A8, rodapé de Dora Kramer, que escreveu o livro-denúncia de Pedro Collor contra o irmão Fernando. Lembram o titulo?  “A trajetória de um farsante”. Querem acabar com Nelson.

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