21:22Na apuração

A Universidade Federal do Paraná informa:

Incidente com calouro de Geografia segue sob apuração

Em entrevista coletiva na tarde desta segunda-feira (25), o reitor em exercício da UFPR, Rogério Andrade Mulinari, reiterou que a Universidade está apurando o caso do calouro de Geografia João Francisco Nogueira Medeiros, que passou mal na tarde de sexta-feira, 22, durante a recepção dos novos calouros.

Segundo informações divulgadas pela imprensa, com base no depoimento da mãe do estudante, Maria Lúcia Miró, ele teria sido obrigado a ingerir bebidas alcoólicas durante a festa.

Mulinari disse que o próximo passo da apuração será solicitar à família o acesso ao prontuário de atendimento do estudante e ao exame toxicológico, além de colher o depoimento do próprio aluno, assim que ele estiver em condições. “No momento, estamos no limite do que podemos obter de informações. Apenas depois de cumprida a próxima etapa, teremos mais clareza do que aconteceu”, afirmou o reitor em exercício. Depois disso, a administração decidirá se a instauração de uma comissão independente para investigar o caso é pertinente.

O prazo para a conclusão do processo administrativo é de 30 dias, renovável por igual período.

Até agora, segundo ele, a Universidade ouviu diversas pessoas que estavam presentes na festa, entre monitores, seguranças e membros Diretório Central dos Estudantes (DCE) e de centros acadêmicos, e a conclusão é de que a recepção ocorreu com tranquilidade e segurança. “Inclusive, muitos pais que estavam presentes também manifestaram a mesma opinião”, disse Mulinari.

Opiniões semelhantes também foram manifestadas por leitores do site do jornal Gazeta do Povo, que está cobrindo o caso. “Estive no trote da UFPR e não vi nenhuma cena de violência ou barbárie. O desmaio do calouro de Geografia com certeza foi um caso a parte”, disse uma leitora.
VENDA DE BEBIDAS

Durante a recepção, na sexta-feira, a Universidade realizou a distribuição de água e permitiu a venda de refrigerante e cerveja, de acordo com o que havia sido acordado com o DCE. A venda de cerveja foi liberada seguindo legislação federal, que considera para fins legais apenas bebidas alcoólicas aquelas que estão acima de 13 graus Gay Lussac, conforme a lei 9.294, de 15 de julho de 1996.

O DCE e os centros acadêmicos voltaram a reiterar que durante a festa não houve comercialização de bebidas destiladas.

De acordo com o que foi divulgado pela imprensa, João Francisco supostamente foi obrigado a ingerir bebidas alcoólicas na barraca do curso de Medicina. Segundo veteranos da UFPR, ele de fato esteve na barraca, onde se identificou como calouro do curso. “Mas os estudantes de Medicina estavam de posse da lista dos aprovados, e só atenderam os calouros do curso. Além disso, não havia lá nenhuma bebida de cor avermelhada, conforme vem sendo veiculado”, garantiu Mulinari.
ATENDIMENTO

João Francisco foi encontrado desacordado a cerca de oito metros da guarita que fornece o principal acesso ao campus de Ciências Agrárias, onde foi realizada a recepção dos calouros. Segundo o relato do guarda que no momento estava na portaria, o calouro saiu do campus por volta das 15h10, andando e sem precisar ser amparado. Às 15h26 um funcionário da Universidade foi avisado de que havia um participante das comemorações desmaiado próximo ao meio-fio. Por volta das 15h35, uma UTI móvel da empresa Santé Plus chegou ao local e prestou os primeiros atendimentos até as 16h08, quando João Francisco deu entrada no Hospital das Nações.

Rogério Mulinari falou a respeito das críticas recebidas pela Universidade por conta da falta de um ambulatório fixo no local da festa. “O sistema é suficiente. As situações foram atendidas de forma adequada. É mais racional manter unidades móveis de sobreaviso, porque assim dispomos tanto de unidades mais simples, para um simples curativo, por exemplo, quanto as mais complexas, para casos como o desse calouro”, explicou ele. “Esse sistema já se mostrou eficaz em outros eventos da Universidade”, completou.

Além do caso de João Francisco, a festa de recepção registrou mais duas ocorrências: um caso de escoriação, causada por um tombo, e outro de “corpo estranho” no olho.
A FESTA

Cerca de 15 mil pessoas circularam na tarde da última sexta no campus de Ciências Agrárias. A estrutura montada pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Prae) e pelo DCE contava com 21 monitores e oito seguranças, munidos de rádiocomunicadores, além de centenas de alunos designados pelo DCE e pelos centros acadêmicos para trabalhar na festa.

O campus de Agrárias da UFPR também conta com sistema de câmeras de segurança.

Muitos pais de calouros também estiveram presentes comemoração. “A recepção acontece em um espaço aberto e a família e os amigos dos novos calouros são bem-vindos. E isso não é fortuito. O convite aos pais e as mães acontece até porque cerca de 30% de nossos novos alunos são menores de idade”, destacou Mulinari.

A pró-reitora de Assuntos Estudantis, Rita de Cássia Lopes, voltou a afirmar durante a coletiva o compromisso da UFPR com o “trote humano”. “A festa dos calouros é algo benéfico, é um rito de passagem importante, por isso trabalhamos para que ela aconteça com responsabilidade, e a cada ano temos menos incidentes”, finalizou.

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