10:43Depois da enchente, um corpo entre os detritos

riolineu

Córrego Bigorrilho, depois da enchente de sempre

Texto e foto de Lineu Filho

Toda semana quando chove forte o Córrego Bigorrilho transborda e alaga a rua Visconde de Nacar, no Centro da Capital Ecológica. É sempre a mesma coisa: a água avança nas calçadas, nas ruas paralelas, bloqueia o trânsito – e logo depois baixa rapidamente. Normalmente não são registrados estragos, mas o transtorno é grande. Na semana passada foi diferente. Havia um corpo dentro da galeria fluvial. Segundo os pedreiros que trabalham em uma obra na Rua Fernando Moreira, o homem que virou detrito se drogava constantemente. Devia estar chapado para não se tocar em  abandonar a galeria diante do outro perigo – o das águas podres do rio da capital mais limpa do Brasil. Foi arrastado então para a parte subterrânea. Os bombeiros resgataram o corpo do homem que ainda foi identificado. Aparentava ter trinta anos. O fato de até hoje a prefeitura de Curitiba não ter providenciado uma grade para cercar a galeria, é daqueles mistérios que talvez só se resolva quando um carro cheio de bacanas cair lá dentro e a comoção for geral nas colunas sociais. O homem que morreu no córrego podre já foi esquecido. Que não se lembrem agora de colocar ali uma simples grade, ou um muro, que impeça a entrada de pessoas e dificulte também que os menos educados joguem lixo no córrego onde havia um corpo que surgiu depois da chuva e do alagamento.

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