10:52Requião e Lula no país da economia

Antes de o presidente Luis Inácio Lula da Silva derramar otimismo no Brasil, lastreado na economia, em rede nacional de televisão, o governador Roberto Requião, pré-candidato do PMDB à presidência da República disse o seguinte, segundo relato distribuído pelo PMDB do Paraná:

Euforia do Real pode comprometer emprego no Brasil, alerta Requião

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), externou nesta terça-feira (22) sua preocupação na queda das exportações e da produção industrial e agrícola, o que podem comprometer a economia nacional e a geração de empregos no país. “Temos uma queda de 25% nas exportações, uma queda no crescimento industrial de 11% e uma queda na produção agrícola do país também entre 9% e 10%”, afirmou.

No entanto, disse Requião, o país vive um momento de euforia devido a valorização do real sobre o dólar, o que pode comprometer ainda mais a economia e a geração de empregos. “Estamos diante de um quadro em que o Brasil está importando bens baratíssimos da China e do Japão, principalmente eletrodomésticos”.

“Isto causa uma euforia: o dólar depreciado em relação ao real faz a
alegria da classe média que está viajando para Miami e a Europa e as
compras no mercado interno, são compra de mercadorias produzidas em outros
países. Quando você compra produto que poderia ser produzido no Brasil e
é importado, você está criando emprego lá fora e causando desemprego
aqui dentro”, alertou o governador do Paraná.

Sem vendas Requião apontou que um número enorme de indústrias
brasileiras está sem conseguir vender em função do valor do dólar e do
real, nem no mercado interno nem no mercado externo. “Elas estão tendo
uma possibilidade muito séria de quebra”.

“E esta saída de recursos para comprar de bens importados acaba levando
uma falta brutal, uma quebra brutal nos investimentos internos – o que
significa que amanhã ou depois nós podemos ter desemprego”, completou.

Montadoras
O governador do Paraná apontou que a indústria de automóveis, as
montadoras, está comprando autopeças fora do Brasil, gerando empregos lá
fora e pondo em risco a indústria brasileira de autopeças. “Vocês
lembram do Fernando Henrique Cardoso quando ele abriu a compra de
autopeças no mercado internacional, desempregou 250 mil trabalhadores do
setor metal-mecânico, eletroeletrônicos também”, disse Requião.

“Vivemos uma euforia que não é tão consistente. Municípios estão
perdendo recursos do FPM. Perdendo por quê? Porque o governo federal
socorreu setores da indústria, principalmente da indústria paulista, o
setor de autopeças, metal-mecânica, de fabricantes de geladeiras, da
linha branca, diminuindo o IPI”.

Queda
Mas o IPI e o Imposto de Renda – que também foi corrigido – estão
diminuindo a arrecadação de estados e municípios. “A situação não
é a melhor do mundo. Vejo que estamos num momento de euforia, mas estamos
numa situação que pode nos levar a grandes dificuldades”, alertou.

Com os cortes do FPM em função da diminuição programada da redução do
IR e do IPI, o Paraná deixou de arrecadar, segundo estimativas, R$ 1.040
bilhão. “Não quero questionar estes cortes também, porque ele
beneficiou setores que teriam desemprego sério, mas não foram
compensados”, disse.

Requião destacou ainda que o maior volume de arrecadação – 70%, 75% –
é feito pelo governo federal através das contribuições financeiras.
“De tudo que arrecada, fica com 9% para investimento, mais da metade vai
para pagamento de juros, a tal república dos rentistas comandada pelo
Banco Central”, apontou.

O governador disse ainda que mesmo diante desse quadro, não houve
desaceleração de obras, investimentos e compromissos do Estado. “Não
paramos uma obra. Previmos a crise, está tudo controlado, não
diminuiremos o ritmo, mas nós sentimos o peso desta situação”.

Banestado
Requião lembrou ainda que a Secretaria Nacional do Tesouro (STN) está
punindo o Paraná cobrando uma dívida inexistente da privatização do
Banestado e ainda por cima alterou as taxas de cobrança e já tomou R$ 252
milhões do Estado. “Não devemos nada ao Banco Itaú e a STN e o Banco
Central agem como se fossem um cartório do banco”, disse.

“R$ 252 milhões foram garfeados do Estado do Paraná pela STN. Já disse
mil vezes aqui, conversei com o presidente Lula, pega um papelzinho anota e
diz Requião: vamos resolver. Não resolve nada, continuam jogando a favor
do Banco Itaú. É um certo predomínio do capital financeiro sobre o
governo. Estou sentindo na pele, como governador, o que é um endividamento
indevido e o que isto causa ao Estado do Paraná”, completou o
governador.

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