18:27HORÓSCOPO

por Zé da Silva

Peixes

Acordou em Buenos Aires e dentro de um vagão do metrô. Lembrou do amigo que sempre lhe recomendou procurar a cidade depois do obelisco, não nos pontos turísticos. Mas ele queria apenas uma coisa, e não era Isabelita e muito menos Juan Domingo Peron. Gardel, estava ali tão somente por ele, por sua voz, por sua cidade querida. Amava a capital argentina por causa do tango na voz dele. Havia Piazolla, contemporâneo, mas dele lhe soava melhor o nome de Amelita Baltar, que gostaria de ver pronunciada na voz do grande. Foi atrás de tudo, imaginou carregar uma caixa enorme com discos, filmes, fotos, tudo, enfim. Não havia. Buenos Aires era como uma cidade qualquer do Brasil. Cemitério dos ídolos do passado. Lhe informaram que, sim, gravaram em cd toda a obra do gênio, mas na Espanha, e ali, na Argentina, não seria possível encontrar. Comprou alguma coisa, carregou cuidado para o quarto minúsculo e passou então a juntar moedas num porco enorme em forma de cofre para atravessar o Atlântico atrás dele, o grande cantor.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.