11:37O dia do palhaço

Hoje é o meu dia, o do palhaço. Das perdidas ilusões e das encontradas. Palhaço do circo mambembe da vida. Palhaço que ri, que chora, que dá espetáculo, que corre atrás do prejuízo, que luta para sobreviver. Mas sou um palhaço digno, honesto, assim como  milhões de brasileiros anônimos. Os ladrões com e sem colarinho branco, usurpadores dos bens públicos, achacadores em geral, sacripantas da casta alimentada pelo suor e sangue dos humildes e ignorantes, estes acham, no íntimo, que somos palhaços porque não reagimos, não agredimos, não cuspimos nas caras-de-pau integrantes de grupelhos que acreditam no poder do perfume importado para disfarçar a fedentina do caráter. Saibam que o termo pejorativo não nos cabe, porque somos limpos e acreditamos que, mesmo devagar, mesmo sem Justiça, o que brilha mesmo é o bem. Quem se ilude com a música do tilintar das moedas roubadas tem o DNA dos corruptos que aqui aportaram há cinco séculos. Nós somos os índios. Nós somos os puros. Nós somos os palhaços. Mas  vivemos com a alma leve e felizes nos picadeiros de terra batida, com a lona furada a nos proteger. Esses outros têm medo de entrar aqui neste circo. Alguns têm nojo, como se fossem compostos de material diferente, não da mesma carne, ossos e sangue. Não há problema. O dia deles, que não dignificam a raça humana, chegará, de uma forma ou de outra. E é bom não esquecer que há muitos postes à disposição na estrutura de um circo.

Compartilhe

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.