Do jornalista e chapa Franco Iacomini, publicado hoje na coluna “Economês”, da Gazeta do Povo:
Várias vezes fiz brincadeiras nesta coluna sobre os preços dos ingressos para jogos de futebol, que andaram subindo bastante por aqui. O IBGE mostra que, na comparação entre outubro de 2009 com o mesmo mês do ano anterior, houve um aumento de 24,7% nessa categoria, em Curitiba – porcentual obviamente injustificável diante da qualidade do espetáculo apresentado pelos times de futebol da capital. Foi a maior alta entre as 11 cidades monitoradas pelo instituto. A variação média de preços no país foi de -2,5% – ou seja, os preços caíram. Em Belo Horizonte, que emplacou um time na Libertadores e deixou outro bem pertinho, em 7º lugar, os preços recuaram 32%.
É interessante que, agora, muita gente esteja comentando por aí que uma das razões para a violência dos torcedores no Couto Pereira teria sido o ingresso a R$ 5,00. O preço baixo, dizem, permitiu que um público desqualificado fosse ao estádio. E foi essa turma que estragou a festa.
Há nessa condenação uma boa dose de preconceito. Milhares de torcedores pagaram R$ 5,00 para fazer festa e apoiar seu time, e foram vítimas no meio do quebra-quebra. E pessoas que foram à temporada inteira, pagando o preço integral, certamente faziam parte da turba.
A economia que leva à violência é outra, não financeira. É a da impunidade. Para muitos economistas, o que impede ou enseja a realização do crime é a relação risco/retorno: a possibilidade de ser punido versus a satisfação que o criminoso poderia obter de seu ato. Barbaridades como as do domingo só ocorrem quando há a certeza de que não haverá consequência. Especialistas em direito, cientes disso, costumam dizer que a certeza da pena é mais eficiente em impedir o crime do que o seu rigor.
O momento não é mais para brincadeiras. É preciso ser duro para que aquelas cenas não se repitam. Interditar o Couto, suspender o clube, prender os agressores. As imagens de tevê e fotos de jornais estão aí, para identificar a bandidagem.
O custo
Para inverter a relação risco/retorno, no entanto, não bastam medidas limitadas. Enquanto assassinos confessos puderem andar pelas ruas e pessoas que atropelam e matam puderem dizer “não” ao bafômetro, a impunidade continua sendo a regra.
Infelizmente.