7:37Denise Salussoglia Khoury, adeus

Tinha o olhar e a feição daquelas pessoas que pairam sobre a terra e a gente, mesmo sem conhecer muito, tem certeza de que jamais seria capaz de fazer mal, pensar um mal. Nas ruas do bairro Seminário, onde não faltam árvores, muitas delas floridas, brincou a infância, fez amizades, recebeu a energia da vida gerada pelo Giorgio e pela Maria, de sobrenome Salussoglia. Não conheceu o tio que se tornaria um marco da literatura da literatura brasileira, de nome Newton Sampaio, pois este foi embora cedo, antes dos 25. Ontem, durante um telefonema que fazia do local de trabalho, a Secretaria de Planejamento, no Palácio das Araucárias, disse um adeus de forma estranha, pois se sentiu mal, contou isso e foi embora para sempre, num acontecimento dessa vida onde nos faz pensar da efemeridade da existência, pois estava muito bem de saúde, no auge da força dos 53 anos, ela que se cuidava para cuidar do Jorel, seu amado, do filho Danilo, das irmãs Silvia, mesmo esta morando na Amsterdã, na Holanda, e Mariza. Conheci a Denise porque amiga de infância, das ruas do Seminário, da Sonia, minha amada e companheira. Fui algumas vezes à casa dela, normalmente em festas, ou na casa dos pais. Estava sempre flutuando no sorriso. Dela aprendi muito sobre o amor, essa coisa indecifrável e que nos faz suportar o peso do resto. De como esperou o amado depois de um longo intervalo de tempo onde, no final das contas, não importa o porquê do afastamento, e sim o retorno. O Jorel sempre gostou das motos, da velocidade, do risco calculado. Ela só não se aboletava na garupa, mas aposto que o abençoava toda vez que saía para voar pelas estradas em foguete de duas rodas. Como era e é anjo, ele sempre voltou. Um dia nos encontramos na entrada de uma churrascaria. Encontro não previsto. Dali saí à procura de minha primeira moto, eu que antes não podia nem andar de bicicleta sob o risco de me atropelar. Era um sonho que realizei quando podia, por conta da sobriedadade. Hoje, agora, acho que peguei carona na proteção que ela sempre fez ao Jorel, que me indicou a máquina. Fosse outra, diria: não compre! Lembro agora que ela apenas sorria no seu jeito simples de ser. Na verdade, penso agora, Denise era a amiga com quem não fiz amizade, mas amiga como deve-se ser, sem cobrança. Bonita feito o pai e a mãe. Alegre como os dois. Acho que ao encontrar o tio  vai perguntar porque ele era tão ferino na escrita. Mas isso é outra história.

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