10:16PARA FESTEJAR O MAESTRO

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Waltel Branco, 80 anos – Foto de Norma Cecy

No domingo, 22 de novembro, às 11h, acontece o show de  aniversário do grande maestro, compositor e arranjador Waltel  Branco na Biblioteca Pública do Paraná. Parnanguara, ele completa 80 anos exatamente no “Dia da Música, Dia de Santa Cecília e Dia do Músico”. O espetáculo terá as participações especiais de  Rogéria Holtz, Norma Cecy, Fernando Montanari,  Saul do Trompete e  Matoso. A entrada é franca. E vai ter bolo! Para quem não conhece o mestre, eis um apanhado geral sobre a belíssima história deste paranaense publicada na Wikipedia:

Waltel Branco (Paranaguá / PR, 22 de novembro (dia do músico) de 1929) é maestro, compositor e arranjador brasileiro.

 Biografia
De uma família em que a música fazia parte, iniciou-se nesta arte já muito cedo, por meio da bateria, do violão e posteriormente do cavaquinho e violoncelo, vindo ainda a estudar harpa e órgão. Sua infância e adolescência foi marcada pelo estudo da música e religião alternando entre as cidades de Curitiba e Rio de Janeiro. Seus estudos musicais se consolidaram no período em que esteve no seminário com o chileno Joquín Zamacois. Entre seus mestres da época, nomes como Bento Mossurunga, Padre José Penalva, Jorge Koshag, Stanley Wilson e Alceo Bocchino contribuíram para sua formação.

Inicio da carreira
Em Curitiba formou uma jazz-band junto com seu irmão Ismael Branco bateria e com a então revelação Gebran Sabag piano, em 1949 rumou para o Rio de Janeiro e em seguida para Cuba ainda na juventude juntamente com a cantora Lia Ray para ser o arranjador, diretor musical e violonista do conjunto que formaram. Neste país, teve a oportunidade de tocar com Perez Prado, Mongo Santamaria e Chico O’Farrel ajudando a criar a mistura de jazz, música cubana e brasileira que veio a alterar a Salsa e posteriormente influenciar o Jazz-fusion do qual Waltel é considerado um dos precursores.

Já nos Estados Unidos por volta de 1952/53 integrou o trio do baterista Chico Hamilton, voltando ao Brasil teve importância fundamental na formatação da Bossa Nova morando em uma pensão junto com João Gilberto, com quem desempenhou longa parceria sendo arranjador e amigo desde então. Depois de pequenas passagens pela Europa e Ásia Waltel decide estudar música e trilha sonora, rumando novamente aos Estados Unidos onde teve contato com a música incidental do maestro Instanley Wilston e com o violonista Sal Salvador, que por sua vez tocava com Nat King Cole, com quem Waltel veio a formar um trio além de produzir um disco para o irmão Fred Cole e para a filha Natalie Cole. Mais tarde conheceu a cantora Peggy Lipton (que casou-se com Quincy Jones) e sua irmã Lede Saint-Clair, com quem veio a se casar. Com a carreira agitada pelo jazz e pela música erudita em meio a grandes nomes acabou por conhecer o maestro Henry Mancini e a integrar a equipe que este comandava, responsável por várias trilhas sonoras e composições, entre as quais a famosa [Pantera Cor-de-Rosa][1]. Ainda nos Estados Unidos trabalhou e gravou com Franco Rosolino, Charles Mariano, Sam Noto, Dizzy Gillespie, Mel Lewis e Max Bennet.

Foi em 1963, longe de casa, que o maestro veio a se encontrar com o empresário Roberto Marinho que reconhecendo seu talento o chamou para a então jovem Rede Globo onde viria a compor um time seleto de músicos da emissora junto a Radamés Gnatalli, César Guerra Peixe e Guido de Moraes.

No Rio de Janeiro, gravou os discos “Guitarra em Chamas” 1 e 2 juntamente com o violonista Baden Powell e, tendo contato com a então inovadora bossa nova participou dos arranjos de “Chega de Saudade” de João Gilberto, com quem veio a trabalhar por um longo período.

Do Brasil para o Mundo
Morando na Espanha acabou por vencer um concurso da Rádio Difusora Francesa e veio a estudar violão com Andrés Segovia, um dos maiores violonistas do mundo. Em Roma esteve com Chico Buarque, Elis Regina, João Gilberto e diversos outros músicos brasileiros e estrangeiros. Chegou até mesmo à Índia, onde lecionou música ao lado de maestros renomados. Em Cuba, o governante Fidel Castro solicitou ao maestro Quem Brower que recuperasse a autenticidade da música cubana, e para tanto, Waltel foi chamado. Viajou boa parte da Europa e, aliás, boa parte do mundo.

Música e mais música
O maestro não parou mais de trabalhar, com inúmeras trilhas, mais de 5000 composições (ao longo da carreira), incontáveis arranjos e participações, além de espetáculos e shows que até hoje realiza em todo o Brasil e exterior.

Waltel Branco tocou com Dorival Caymmi, Nana Caymmi, João Gilberto, fez arranjos para Roberto Carlos, Cazuza, Tim Maia, Djavan, Cartola, Gal Costa,Maria Creuza, Vanuza, Mercedes Sosa, Astor Piazzola, Zé Keti, Peri Ribeiro, Sérgio Ricardo, Tom Jobim, Tomaz Lima e muitos outros, chegando até a fazer um arranjo do Hino Nacional Brasileiro para a Orquestra de Viena executar. Seria difícil encontrar músico brasileiro (e mesmo estrangeiro) com quem Waltel não tenha trabalhado. Teve músicas gravadas por diversos artistas como Elis Regina no Brasil, e Eva Fampas na Grécia. Alguns dos seus discos de início de carreira são hoje considerados raríssimos e já ultapassam o valor de US$200,00 no mercado para colecionadores.

O Maestro
Em 2001 o Maestro assumiu a regência da OSPG – Orquestra Sinfônica de Ponta Grossa em parceria com o Maestro Jayme Amatnecks. Em 2004 Waltel Branco é eleito Presidente do Fórum de Música do Paraná, engajando-se na defesa da Música Brasileira junto as esferas públicas como Câmara Setorial de Música do Ministério da Cultura e Conferência Nacional de Cultura. Ainda em 2004 é destacado no livro A[des]construção da Música na Cultura Paranaense de Manoel J. de Souza Neto o que resulta em série de homenagens ao mestre, que constantemente é chamado para receber comendas, ou proferir palestras, entrevistas e participar de eventos acadêmicos onde divide seus conhecimentos. Além disso, teve um breve relato de sua história contada através do já premiado documentário “Descobrindo Waltel”,(2005) de Alessandro Gamo, onde ilustres personalidades como Ed Motta, Roberto Menescal e o Maestro Julio Medaglia entre outros, ajudam a contar a vida do mestre. Recentemente o comentarista Luiz Nassif escreveu artigo refereindo-se a Waltel como grande mestre da música brasileira que ainda espera por reconhecimento comparando a história do Mestre Waltel Branco com outra biografia tão extraordinária a dos Índios Tabajaras.

Atualmente, gozando de sua aposentadoria após mais de 20 anos dedicados a Rede Globo, Waltel reside em Curitiba / PR dedicando-se a muitas atividades, não sendo raros seus concertos em teatros de todo o Brasil e eventualmente do exterior. Em 2007 lança o disco “Meu Novo Balanço” com músicas de outros dos seus álbuns e algumas inéditas como “Fera Pantera” na qual, por sugestão de Chico Buarque faz uma versão da música da pantera-cor-de-rosa (da qual foi um dos criadores) voltada para educação. Neste ano ainda foi “Artista Homenageado” pelo Festival de Artes do estado do Paraná. Sempre compondo e fazendo arranjos, o maestro que em 1991 lecionou na Universidade Livre de Música em São Paulo, agora no Paraná veio a trabalhar na musicalização infantil através de um projeto do governo do estado, o qual conta com uma oficina de Sensibilização Musical, projeto do maestro Walmir Marcelino Teixeira, sobre o qual afirmou: “Para mim, esta foi a melhor iniciativa no campo da arte dos últimos tempos porque está descobrindo muito talento dentro dessas crianças”. Permanece neste projeto desde 2005 realizando diversas oficinas para professores e alunos da rede estadual de ensino, sempre com grande exito. “O meu pai sempre me dizia: tem que ir pela criança; a criança que sabe tudo”, cita Waltel. No dia 22 de Novembro de 2008 foi lançado um livro em Curitiba, “A Obra para Violão de Waltel Branco”, com mais de 40 partituras suas revisadas por Cláudio Menandro. O livro contém ainda um resumo detalhado de sua biografia.

Citações de outros artistas
(Júlio Medaglia) no encarte de “Recital” – 1976.
“Tecer alguns comentários a respeito do músico Waltel Branco é uma das tarefas mais simples e, por que não dizer, das mais agradáveis. Mais simples porque este disco ao ser tocado falará mais claramente a respeito dos recursos e da grande musicalidade do artista do que qualquer “apreciação verbal”. Das mais agradáveis pois não podemos colocar aqui uma biografiazinha na base do “já aos 5 anos de idade…”, mas sim chamar a atenção para um músico cuja formação e atividade são absolutamente exemplares para esta música brasileira tão carente de outros “Walteis”. Por esta razão vamos deixar de comentar este ou aquele timbre especial de seu toucher, certas peculiaridades de suas composições ou exaltar seu brilho virtuosístico na execussão de determinadas passagens. O excelente violão que Waltel toca faz parte de toda uma personalidade e vivência musicais cheias de componentes. Ele não faz parte daquele bando de artistões cuja vida se resume nos 30 centímetros do braço do violão. Waltel atua em mil diferentes faixas porque ele conheceu mil diferentes tipos de música em sua vida. De estudante de música clássica, de aluno de Segóvia a fundador e arranjador da orquestra de Peres Prado – no tempo em que o mambo ameaçava a desviar o eixo terrestre; de estudante de orquestração, jazz, regência e composição na Berklee School de Boston a diretor artístico do Teatro Guaira de Curitiba; de um refinado intérprete a arranjador de discos, programas e festivais de televisão; de um categorizado e criativo autor de músicas para seu instrumento a um eficiente arranjador e compositor de trilhas sonoras para filmes, novelas e coisas assim. Waltel não está na crista de nossas paradas nem é o Quincy Jones brasileiro. Não porque lhe faltem recursos técnicos ou artísticos para tanto e sim porque nesta tão badalada MPB quem pretende fazer uma música que vá além do alpiste melódico de nossos rouxinóis asfáticos é automaticamente marginalizado pela notoriedade. Sua atividade parcialmente anônima, porém, está presente na música de nosso país através dos mais variados veículos de comunicação. Aqui não. Neste L.P. Waltel está presente de nome e alma e você, um destes poucos ouvintes brasileiros que curti música instrumental, vai poder perceber – a respeito de quem estou falando. Aliás, fim de papo pois ouvi-lo é realmente melhor…”

(Roberto Menescal) no documentário “Descobrindo Waltel”
” O Waltel foi o primeiro músico mesmo que eu pensei, músico na concepção total! Músico que estudava, que lia, que tocava bem seu instrumento…”

Discografia
Mais de 20 discos lançados até 2008, além dos quais foi arranjador ou participou de alguma maneira de aproximadamente 1000 discos históricos da música brasileira.

[editar] Solos
1960 – Recital Violão
1962 – Guitarras em Fogo
1963 – Guitarra Bossa Nova
1966 – Mancini Também é Samba
1972 – Meu Balanço
1972 – Jungle Bird Black Soul (com o pseudônimo Airto Fogo)
1974 – Seleção de Clássicos, Músicas do século XVI ao Século XX
1975 – Airto Fogo (com o pseudônimo Airto Fogo)
1976 – Recital (II)
1990 – Kabiesi
1997 – Naipi
2007 – Meu Novo Balanço
[editar] Conjunto
195… – Românticos de Cuba
1958 – Os Cobras
1960 – Conjuntos de José Marinho, Netinho, Waltel Branco e João Donato (disco Dance Conosco)
1961 – Rubens Bassini e os 11 Magníficos (guitarrista)
1963 – Trio Surdina
196… – Copa Cinco
1964 – A Turma do Bom Balanço
1980 – Violão em Dois Estilos Waltel Branco + Rosinha de Valença
19.. – Wilson Miranda: “A Outra Face de Wilson Miranda” (guitarrista)
19.. – Orquestra Severino Araújo: “Um sax no Samba” (guitarrista)
19.. – Djalma Ferreira e seus Milionários do Ritmo
19.. – Lena Rios (violão 7 cordas)
19.. – Trindade: “Curto Caminho Longo” (trilha do documentário)
19.. – Orlann Divo (LP “A Chave do Sucesso” como guitarrista)
19.. – Violão para quem não gosta de Violão
[editar] Trilhas para Cinema ou TV
(Participou de alguma maneira como diretor musical, arranjador, compositor ou outra)

O Primeiro Amor
Assim na Terra como no céu
Passo dos Ventos
Cavalo de Aço
Supermanoela
Senhora
A Moreninha
Vejo a Lua no Céu
O Feijão e o Sonho
A Sombra dos Laranjais
Anarquistas
A Gata Comeu
Irmãos Coragem
O Tempo e o Vento (anteriormente encomendado ao Tom Jobim)
Os Senhores da Terra
Selva de pedra
Semideus
Os ossos do Barão
Anjo Mau
O Bofe
Uma Rosa Com amor
O Bem Amado
Saint Hilaire na Terra dos Diamantes
Cuca Legal
Ti ti ti
Vida de artista – Especial Cauby Peixoto
Pirlipimpim
Amizade Colorida
[editar] Arranjador
Tim Maia (Álbum Tim Maia – 1970)
Zé Ramalho (Álbum Força Verde – 1982)
João Gilberto (diversos)
Henrry Mancini (diversos)
Tatára e Cabelo (arranjos e maestro)
Lover-The Lovers: Vol. I e II
Mita (arranjos e regência)
Odair José
Freddy Cole (arranjador e regente)
Rosa Maria (disco de 1976)
Toni Tornado
Rosa Passos
Dom Um Romão
Jane Duboc (Languidez – 1980)
Maria Creuza (Pecado – 1979)
Cazuza (Ideologia – 1988)
Tomaz Lima, “Homem de Bem” (Mantras Indianos – 1990) (Song of India – 1994)
Hilton Barcelos (Olhos de Luz – 1998)
Flora Purim (1964)
Copinha (Jubileu de Ouro – 1975)
Alceu Valença (molhado de Suor – 1974)
Rogéria Hotz (No país de Alice)
[editar] Homenagens
2007 – Orquestra a Base de Sopro – Mestre Waltel
2007 – Cláudio Menandro
[editar] Publicações
2008 – A Obra para Violão de Waltel Branco (Curitiba, 2008)

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