17:02PARA NUNCA ESQUECER

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João Antônio

Ele nunca partiu porque a voz da ninguenzada (termo de sua autoria), dos excluídos, dos marginalizados, essa voz que ele trombeteou, sempre existirá, calada, reprimida, acuada, mas sempre existirá. O escritor e jornalista João Antônio desencarnou em 1996, sozinho e pobre como seus personagens, mas a obra de texto cru, malandro, poético, como a realidade dos becos, dos bares, salões de bilhar, ruas de terra, favelas, subúrbios deste Brasil pouco conhecido, ah, essa voz ficará para sempre berrando do fundo da alma, como seus mais conhecidos personagens: Malagueta, Perus e Bacanaço. Para quem não conhece, algumas linhas sobre o João publicadas no site “Releituras” (www.releituras.com):

João Antônio Ferreira Filho (1937-1996), nasceu de uma família de imigrantes portugueses de poucos recursos, na cidade de São Paulo (SP). Em 1949 publica seus primeiros contos no jornalzinho infanto-juvenil “O Crisol”. Sem deixar de ler e escrever muito, em 1954 começa a freqüentar os salões de sinuca da cidade. Em 1958, ganha os concursos de contos da revista “A Cigarra” e do jornal “Tribuna da Imprensa”, ambos do Rio de Janeiro. Inicia o curso de jornalismo. Em 1959, ganha o concurso de contos do jornal “Última Hora”, de São Paulo. Os originais de seu livro “Malagueta, Perus e Bacanaço” são destruídos no incêndio de sua casa, em 1960. O livro só será publicado em 1963, totalmente reescrito. Ganha o Prêmio Fábio Prado e dois Prêmios Jabuti (revelação de autor e melhor livro de contos do ano). Muda-se para o Rio de Janeiro, para trabalhar no “Jornal do Brasil”, em 1964. Em 1966 volta a São Paulo, onde fará parte da equipe criadora da revista “Realidade”. Tem contos publicados na Alemanha, Venezuela e, naquela época, Tchecoslováquia. De volta ao Rio, em 1968, passa a colaborar com diversos jornais. Publica, em 1975, “Leão-de-chácara” (Prêmio Paraná de 1974) e “Malhação do Judas carioca”. Edita o “Livro de cabeceira do homem” e cria a expressão “imprensa nanica” no jornal “O Pasquim”. Ainda nesse ano, é agraciado com o Prêmio Ficção da APCA (SP). Em 1977, seu conto “Malagueta, Perus e Bacanaço” é adaptado para o cinema, recebendo o nome de “O jogo da vida”. Outro prêmio: em 1983, seu livro “Dedo-duro” recebe o Troféu Calango do Prêmio Brasília de Ficção. Ganha também o Prêmio Pen Club. Nos mais de quinze livros que deixou mostra sua extrema habilidade em fundir a linguagem falada nas ruas e a escrita literária. Atuou intensamente na imprensa e foi um ardoroso defensor dos direitos do escritor no Brasil. Premiada, sua obra é objeto de análise dos mais importantes críticos literários brasileiros.

Outras obras do autor: “Casa de loucos” (1976), “Calvário e porres do pingente Afonso Henriques de lima Barreto (1977), “Lambões de caçarola” (1977), “Ô, Copacabana” (1978), “Noel Rosa” (1988), “Meninão do caixote” (1983), “Dez contos escolhidos” (1983) e “Abraçado ao meu rancor” (1986).

Sobre o autor:

RIBEIRO, Joana Darc. “Entre  o lirismo nostálgico e o rancor violento: As percepções da cidade no conto de João Antônio”. In. Revista Humanidades – n.5-Série Letras -n.3-São João da Boa Vista. UNIFOEB – Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos, 2004, p.73-84.

SEVERIANO, Mylton. “Paixão de João Antônio”, Editora Casa Amarela – São Paulo (SP), 2005.

 

 

 

 

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