20:06Cravado como um prego

Tenho a boca afiada de punhais
não choro
olho os faróis com duros olhos
ardidos de quem tem febres
mas não sangro
as mãos vazias deixam passar o vento
lavando os dedos que não se crispam
não há palavras, nem mesmo estas
o único sentido de estar aqui
é apenas estar secamente aqui
cravado como um prego
em plena carne viva da tarde.

de Caio Fernando Abreu

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2 ideias sobre “Cravado como um prego

  1. Valéria

    Parabéns!
    Bonito demais qdo nos identificamos com as palavras.
    A única coisa é que: eu choro
    abraços

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