15:38Horóscopo

por Osman Gadoso

Sagitário

Um dia acordou sem aquela coisa que a fazia travar e a mente congelava num estado onde sinapse poderia ser traduzida como blocos de concreto. Não sabia de onde vinha aquilo e os motivos para deflagrar o estado de estupor podiam ser os mais banais. Ou até os mais fantásticos, como na ocasião em que, de surpresa, ganhou um presente em forma de jóia rara. Já tinha visto o pai assim. O avô paterno mais ainda. Não gostava que a mesma maré a invadisse de dentro para fora, como se escondida em algum canto da alma. Mas naquele dia acordou pensando que aquilo não existia mais. Forçou um pouco a mente para lembar de algum sonho, mas não tinha acontecido. Tinha dormido feito pedra e o corpo e a mente acordaram descansados. Abriu a janela do apartamento e sentiu a brisa do mar e até pode ver com a mente um pedaço da velha ponte de aço que ficava a algumas quadras dali. Respirou fundo e deu bom dia ao sol. Este retribuiu feliz. Na ponte, uma marca apareceu num lugar impossível de ser vista. Minúscula, com forma de coração, estava aberta, como um daqueles relógios do passado. O que estava dentro pulsava alegre no coração da mocinha morena de cabelos negros e compridos.

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