12:30No jardim da Casa Cor

Do jeito que veio, porque vale:

Quem visitar a Casa Cor Paraná 2009, a partir de 5 de junho, no Asilo São Vicente de Paulo, poderá conhecer uma das habilidades desenvolvidas pelos pacientes do Centro de Atenção Psicossocial (Caps) Cajuru – uma das unidades de saúde mental mantidas pela Secretaria Municipal da Saúde para tratamento de dependentes de álcool e outras drogas – durante o acompanhamento clínico. É deles a execução do projeto externo Jardim Produtivo, Agricultura Urbana e Pomar, concebido pelo arquiteto e paisagista Marcelo Calixto e um dos participantes da mostra anual de arquitetura e decoração. Para os seis pacientes envolvidos no projeto, o trabalho de jardinagem em si não é nenhuma novidade. A maioria já participou de cursos afins oferecidos pelo Caps, em parceria com o horto da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e supervisão técnica da Secretaria Municipal do Abastecimento, como alternativa de profissionalização e geração de renda – razão pela qual foram sondados para firmar a parceria. O objetivo do Caps é que por meio de um curso como esse, ao longo do tratamento e antes da alta, o paciente se prepare para retornar ao mercado de trabalho por meio de uma atividade pela qual ele se sinta atraído. “A vitrine representada pela Casa Cor é um incentivo, uma motivação inédita para eles”, define a responsável pelo Caps, enfermeira Simone Marie Perotta. A novidade para o grupo, na verdade, são três. A primeira é estar num evento de decoração, design, arquitetura e paisagismo cuja importância a maioria ainda não tem elementos para avaliar. Além disso, depois de encerrada a empreitada, cada um será remunerado pelo trabalho realizado. Por último, seus nomes farão parte do cadastro de mão-de-obra do escritório de Calixto para possíveis futuras contratações – mesmo durante o tratamento. “É uma troca muito positiva, pois já é possível ver a qualidade do trabalho de cada um na beleza e na função que está emergindo dessa área de cultivo que mistura árvores frutíferas, jardinagem com plantas ornamentais e canteiros de plantas medicinais e hortaliças”, diz Calixto. Com o projeto, o paisagista também pretende mostrar a possibilidade de se plantar em cidades como Curitiba – seja em residências com muito espaço ou em varandas ou vasos de pequenos apartamentos. Apesar de ter chegado ao Caps há apenas três meses e estar ouvindo falar na Casa Cor pela primeira vez na vida, o funcionário da área de manutenção da Sanepar José Carlos Vieira de Andrade, de 39 anos, é um dos jardineiros mais dedicados do grupo supervisionado pelo consultor independente João Dutra. Ao invés de permanecer exclusivamente na unidade de saúde durante os cinco dias inteiros por semana exigidos na fase inicial do tratamento, desde abril ele é presença constante no canteiro de obras e seu trabalho, notado pelos supervidores. “É uma coisa que dá gosto fazer, mesmo com esse friozinho”, conta ele, que há dezesseis anos convive com o alcoolismo e apenas recentemente resolveu procurar ajuda especializada.

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