por Augusto Nunes na coluna “Direto no Ponto” da Veja.com
Santa Catarina foi devastada por enchentes tão previsíveis quanto a mudança das estações. O Nordeste é supliciado por chuvas que desde sempre, não importa a duração da seca, um dia acabam caindo, frequentemente em forma de dilúvio. Os pais da pátria brasileira fazem de conta que não sabem disso. Nunca previnem. Preferem remediar ─ com a demora exasperante que acentua a incompetência. Isso é mais antigo que a descoberta do Brasil, dirá o presidente Lula. Com uma diferença: a primeira-dama sumiu.
É crueldade comparar Marisa Letícia a Ruth Cardoso. Única primeira-dama da República com profissão definida e idéias próprias, a mulher de Fernando Henrique Cardoso foi uma dessas singularidades que aparecem de vez em quando nos trêfegos trópicos para lembrar, por contraste, o que poderíamos ter sido e não fomos. Confrontada com as demais, Marisa Letícia figura no fim da fila graças ao fiasco no quesito “desempenho em momentos de comoção nacional”.
Qualquer companheira de destino ─ até para justificar as pompas e fitas que ornamentam o emprego oficioso, até para tornar menos incômodo o tamanho da milhagem aérea ou o brilho das jóias prodigalizadas por emires perdulários ─ já teria dado o ar da graça na zona conflagrada, ou pelo menos murmurado palavras de conforto. É pouco, mas é sempre alguma coisa para quem não tem nada. Pois nem isso fez a primeira-dama.
A Marisa Letícia retraída, a paulista de origem modesta que não tem nada a dizer porque o marido tudo disse, diz ou dirá, a descendente de imigrantes italianos concentrada nas atividades de esposa, mãe e avó, essa Marisa Letícia é tão verdadeira quanto prestação de contas de deputado. Quem a viu em ação conheceu a mulher voluntariosa, loquaz, opiniática, ciumenta, sempre em guarda com repórteres desinibidas e granfinas insinuantes, capaz de interromper uma audiência no gabinete presidencial ou uma reunião política porque “já é muito tarde, hora de voltar para casa”, capaz também emitir em voz opiniões mais que audaciosas sobre companheiros ou desafetos de Lula ou, sobretudo, da Primeira Família. O voto de silêncio que vigora aos olhos da multidão é suspenso quando lhe convém.
Talvez ache que para cuidar de inundações e gente sem comida é que existem ministros. Nesse caso, deve desocupar o gabinete em que passa o tempo no 4° andar do Palácio do Planalto desde o primeiro mês do primeiro governo. Quando não está viajando com o marido ─ e como gosta de voar de graça nossa campeã de milhagem ─ nunca deixa de aparecer por lá.
Para quê? Para nada.
O artigo é instigante. Realmente, não faz sentido ocupar gabinete e não atuar na praxe de primeira-dama. Será que recebe algum do nosso bolso ? Isso de primeira-dama e vice (aí também suplente de senador) deveria acabar neste país. Não tem justificativa. Não há obrigatoriedade nenhuma da primeira-dama atuar. Se quiser e se for qualificada e competente, como Dona Rute, poderá ajudar. Já fará muito se der conforto e apoio ao presidente, ao governador, ao prefeito, e inclusive, desviá-lo do mau caminho, da corrupção. O vice pode perfeitamente ser substituído pelo Ministro da Justiça ou pelos representantes do Legislativo ou Judiciário. O suplente de senador é uma excrescência, nunca sabemos que é, é uma sombra, não deveria existir.
Sou a favor de que se faça uma substituição.
Manda o Augusto Nunes pra Ilha do Chapéu e ponha em seu lugar o Mané Galo.
Melhoraria a qualidade de veja.com, em que pese a Ilha do Chapéu perder massa crítica.
Cê conhece alguma coisa pública, rua, praça, biblioteca, posto de saúde, escola, com nome de algum vice, de algum suplente?
Então o Sr. Jeremias acha que Marisa letícia é melhor que Augusto Nunes!
Parabéns!!!Vamos fazer uma coisa: as despesas da primeira dama serão todas descontadas somente do seu IR.
Eu cansei de bancar viagens para uma incompetente incapaz de dar até alento a pessoas em um leito de hospital.
Maria Letícia me lembra muito bem a mulher de um general ditador de plantão que usava o boeing presidencial pra ir fazer o cabelo em São Paulo, a tiracolo, uma penca de amiguinhas.
Ana, você não entendeu nada mas tudo bem…
Ninguém é perfeito.