11:20Nas páginas

Do jornal Valor Econômico, reportagem de Marli Lima publicada na edição de hoje:

Dos detentores de cargos majoritários representativos no PSDB, o prefeito de Curitiba, Carlos Alberto Richa, tucano recordista de votos é hoje o mais bem avaliado administrador de capital. Eleito com 77% dos votos no primeiro turno, chegou a 82% de ótimo e bom pelo último Datafolha de março.

A carreira em ascensão num partido que tem desacelerado a conquista de postos majoritários sob o governo Luiz Inácio Lula da Silva não impediu que o prefeito fosse o primeiro, de capital, a assinar convênio com a Caixa Econômica Federal para projetos conjuntos no âmbito do programa nacional de habitação “Minha Casa, Minha Vida”. O prefeito orgulha-se das parcerias com o governo federal, as únicas, em âmbito federativo, já que o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), paralisou todos os convênios entre o Estado e a capital.

Não teme que sua adesão a uma das principais vitrines da campanha da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que contrasta com as reticências dos tucanos paulistas, dê fôlego à adversária e a seus aliados locais. “É um programa bom para todo mundo. Não há quem perca aderindo”, diz.

É com o aval de tucano em ascensão com bom trânsito federal que Richa se prepara para ter mais presença nas negociações internas de seu partido com vistas à sucessão presidencial de 2010.

Discreto e contemporizador, Richa circula por cidades do interior, interessado em viabilizar sua candidatura ao governo do Estado, com a mesma desenvoltura com que tem frequentado reuniões na capital paulista com vistas a traçar estratégias que visem à unidade do partido em 2010.

No gabinete de cores vivas – uma em cada parede – herdadas do ex-prefeito Rafael Greca, hoje aliado do governador Roberto Requião, com quem Richa tem diferenças, recebeu recentemente o governador José Serra. Ao lado de sua mesa, exibe uma foto em que aparecem o governador paulista ao lado de seu pai, José Richa, governador do Estado falecido em 2003 e um dos fundadores do partido, na fracassada campanha do prefeito ao governo do Paraná, em 2002 .

Richa está ciente do favoritismo do governador paulista na sucessão de Lula, mas tem bom relacionamento com Aécio (com quem também tem foto no gabinete) e planeja fazer uma visita ao colega em breve. “Para ver no que posso ajudar”, diz. Durante a campanha de 2008, tanto Serra como Aécio fizeram questão de dar apoio pessoalmente a Beto, participando de eventos de sua campanha eleitoral.

Engenheiro civil, 43 anos, o prefeito tem três filhos. O mais velho, Marcello, está com 23 anos e conclui Direito este ano. Ensaia os primeiros passos para virar político com o entusiasmo da mãe e o ceticismo do pai. Casado com Fernanda, neta do fundador do banco Bamerindus, Avelino Vieira, o tucano nasceu em Londrina, Norte do Paraná.

Começou na política em 1994, elegendo-se deputado estadual, foi reconduzido à Assembléia em 1998 e, em 2000 foi eleito vice-prefeito de Curitiba na chapa de Cássio Taniguchi, do então PFL, e da linhagem marcada pelas intervenções urbanas de Jaime Lerner. Derrotado em 2002 por Requião para o governo do Estado, elegeu-se em 2004 a prefeito de Curitiba, derrotando o candidato do PT, Ângelo Vanhoni, com 55% dos votos válidos.

Ao assumir a prefeitura, desfez-se de grande parte da equipe de Taniguchi e chamou para trabalhar ao seu lado alguns antigos colaboradores do pai. Sua campanha foi coordenada por outro tucano histórico, Euclides Scalco, ex-presidente da Itaipu binacional, e um de seus principais conselheiros políticos.

A oposição o acusa de conduzir uma administração menos inovadora do que a de predecessores, como Lerner. Transformada em cidade modelo, Curitiba já estaria padecendo de problemas comuns às grandes metrópoles, como trânsito e periferia inchada. As acusações não ecoam na popularidade recorde.

Richa acredita que a campanha presidencial do PSDB deve ser movida pelas alternativas à crise econômica. Ainda crê numa chapa que reúna Serra e Aécio na disputa presidencial

O prefeito diz que o PSDB terá que se desfazer das dubiedades que marcam a imagem da legenda para assumir um discurso que reconheça os avanços do governo Lula e proponha ir além.

Contemporâneo do governador de Minas, Aécio Neves, apenas seis anos mais velho que o prefeito, Richa também divide com o mineiro a condição de mantenedor de uma herança política familiar, mas não comunga do discurso antipaulista que prospera em Minas. Descrê que esse embate venha a prosperar no PSDB. – “Temos muita proximidade com os paulistas. A própria fundação do PSDB, teve uma grande contribuição original do meu pai, mas foi liderada pelos tucanos de São Paulo”.

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5 ideias sobre “Nas páginas

  1. Deck

    Tava demorando hein Zé…

    Que foi? Virando a casaca? Ou conseguiu uma vaguinha na prefeitura com o Tiozão Beto?

    Vergonha….

  2. Zè Mané

    Tenho algumas restrições à maneira de administrar do prefeito de Curitiba. Entretanto devo reconhecer que essa atitude de aderir à um programa federal que pode possibilitar moradia aos mais carentes é uma atitude construtiva. Ora, para que ficar de ciumeiras ou adotar posturas rançosas quando o projeto é bom para todos? Nesse questão das moradias ponto para o Alcaíde. Agora êle, o prefeito, precisa diminuir o apetite raivoso de sua entourage no sentido de deixarem de ser do contra só por ser. Isso não constrói.

  3. cezar

    Recado ao Deck.

    Se já bem dizia Mario Quintana: “Quando alguém pergunta a um autor o que este quis dizer, é por que um dos dois é burro?”, o que dizer de quem sequer notou que o Autor não era aquele para quem questionava.

  4. Tarquinio

    certíssimo, zé. não sou assinante do VAlor Econômico. Se você não publicasse, teria passado batido. siga na balada.

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