10:41Meu pai me enganou

por Nelson Padrella
 
Vocês não conheceram meu pai. O velho Arthur, tecelão, trabalhou a vida inteira para nos dar uma vida digna. E me fez crer nos valores morais que deviam regrar minha vida. A ética, a justiça, a honestidade, essas bobagens todas que hoje estão fora de moda no meu país.
Percebi que meu pai me enganou quando fui envolvido num  processo exdrúxulo, criado por uma mente doentia, que forjou uma prova para me incriminar. Essa prova acabou por me beneficiar, o que não impediu que a Justiça do meu país me condenasse.
Acho que os pais de hoje, que preparam seus filhos para o futuro, deviam pensar em ensinar-lhes como mentir, como roubar, para que consigam se dar bem na vida. E não fazerem como meu pai que me (e se) enganou. Ou talvez devêssemos todos nos unir numa cruzada pelo retorno dos antigos valores que hoje são motivo de deboche para políticos e magistrados.

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6 ideias sobre “Meu pai me enganou

  1. Ruy Lopes

    Sim, Nelson, eu conheci teu pai, o “seo” Arthur, que juntamente com meu velho pai,“seo” Ananias, foram contemporâneos, vizinhos e nos criaram com esses valores morais,— tão em desuso hoje — que não nos fizeram enricar, mas nos possibilitam dormir com a consciência tranquila. Abração, do Corvo.

  2. nelson padrella

    O Ruy Lopes é meu amigo desde os tempos de Grupo Escolar Jesuino Marcondes, em Palmeira. É pobre como eu porque também a ele o pai ensinou os valores morais hoje em desuso. Valeu, Corvo. Estou esperando outro livro teu. Batalharemos sozinhos nessa trincheira contra a Nova Ordem estabelecida onde reina o compadrio entre juristas e políticos.

  3. Olhar de lince

    Você tem razão amigo Padrella. Estão conseguindo transformar esse mundo, numa miséria única, em que o respeito, a cidadania e os valores morais estão valendo menos do que titica de galinha.
    A estupidez está tão grande, que até estudante está batendo – quando não matando – professor e por aí vai. Na política, que deveria ser um seguimento em prol do cidadão, sem distinção, a coisa está pior ainda. Enfim, está tudo virado da breca, quando se dizia no nosso tempo. Sim, digo “nosso”, porque esse tempo de hoje, está desqualificado, insano e irrecuperável? Não me encaixo nele.
    Abs

  4. Taylor Santos

    Prezado Nelson.
    Não conheci o Sr. seu pai. Entretanto, tomo a liberdade em fazer um “mea culpa” Também eu, criei meus filhos dentro de regras éticas, justiça e honestidade; que maldosamente vc. classifica como bobagens.
    Não me arrependo!
    Fiz ainda pior (se é que se pode dizer assim) Nunca permeti meu filho assistir programas de”Os Trapalhões” por entender ser uma fonte de perversão de costumes e comportamento.
    Queira perdoar a minha interferência. Porém, tenho certeza quando chegar o seu momento de educar; prevalecerá o método do Sr. Arthur
    Abraço/Taylor

  5. jeremias bueno

    Belo texto, Padrella.
    Vindo de você, só pode ser coisa boa.
    Compartilho com você a decepção com a “Justiça” e com os “juízes”, sempre a reboque dos espertalhões.

  6. PAULO BSB

    Os valores morais, não são moda eles prevalecem em todos os tempos, apesar de vermos os poderes constituídos sendo contaminados pela ação predadora dos seus agentes.
    Cada cidadão tem o dever de agir corretamente, para que possamos vencer e afastarmos os maus
    do poder, começando pela escolhas na hora do voto.

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