Christian Chasko

Era um menino tamanho família. Quase dois metros de altura por três de largura. Amava sua profissão de repórter cinematográfico, os carros e o Coritiba. Foi encontrado ontem na casa onde morava sozinho. Enterrado há pouco. E a notícia de sua morte foi daquelas que surpreende porque, aos 47 anos de vida e 20 na Rede Paranaense de Comunicação, Cristian Chasko parecia aquele herói de carne e osso, mas indestrutível. Ousado, deve ser o único do mundo a ser atropelado duas vezes em corridas, uma no autódromo e outro num ralye, e depois ter tempo para contar a história, mesmo todo engessado. Fazia isso num dos seus pontos preferidos, o Bar do Nico, numa das esquinas da Rua Alexandre de Gusmão, no bairro Jardim Social. Foi ali que o encontrei algumas vezes no início dos anos 80, pois era vizinho daquele local onde aposentados ficam o dia inteiro contando a vida e nunca pensando na morte, mesmo porque uma canjibrina faz espantar este tipo de coisa ruim. Chasko teve um enfarte, talvez porque viveu a vida como quis, apostando na filosofia de que mais vale a emoção do que o comedimento. Não fosse isso, não conseguiria recuperar o Mustang que motorizou sua paixão na infância. O carro, um entre muitos, do pai, tinha sumido, descobriu, depois que o velho morreu. Ele foi atrás. Descobriu que o apresentador Carlos Massa tinha comprado. Chasko foi a São Paulo falar com Ratinho. Contou-lhe a história. O carro fazia parte da sua história, ligava ele ao pai, a tudo. Sensível, Ratinho vendeu o carro pelo mesmo preço que havia comprado há tempos. Na redação do jornalismo da RPC ele vai fazer falta. Assim como no bar do Nico e nos outros que frequentava. Um menino grande. Um grande menino.