por Osman Gadoso
Sagitário
Neto é filho com açúcar. Ficou matutando em cima da declaração de amor da cantora Rosa Passos no final do Tim Festival. Tinha ouvido histórias semelhantes, de avôs e avós ricos e pobres. A empregada um dia chegou e disse que foi à Justiça para ter a guarda da neta porque a filha se drogava e prostituía. Olhou para a criança que estava quietinha no sofá, com a mesma expressão de sempre. Tinha comprado numa Americanas e dado nome, em homenagem à avó paterna, aquela Senhorinha que viveu sempre no sítio, fumava cigarro de fumo de corda, era séria com todos, seca, mas um doce com quem? Os netos. Uma coisa estranha e boa invadiu-lhe a alma. Coisa boa. Lembrou então que não lembrava dos momentos felizes com as crianças. De alguma forma tudo tinha sido guardado em algum lugar que ele ainda não conseguiu a chave. Para saber que, sim, momentos bons aconteceram, ele recorria às fotos. Então, rapidamente, teclou todos os botões possíveis naquela noite e intimou os três filhos já adultos: “Eu quero. E tem de ser rápido.” Enquanto aguarda, treina embalando a boneca e reaprendendo cantigas de ninar. Jura que um dia viu a menina sorrir, ela que tem boquinha de biquinho eterno.
O que fazer com o trema do teclado agora?
Sagitário é livre no seu esperar.
A temperança não é a melhor de suas virtudes, mas a liberdade de ser quem acredita ser e a possibilidade de realizar seus sonhos é o que o mantém no caminho. Esse é seu combustível. Mas crê que as infinitas possibilidades que lhe surgem estão além de sua compreensão. E as aceita com grande felicidade.
E assim vai vivendo e tudo vai acontecendo.
Beijos