A Justiça Federal arquivou ontem o processo sobre a morte do jornalista Wladimir Herzog, assassinado nas dependências do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações do Centro de Operações de Defesa Interna) em 25 de outubro de 1975. A juíza federal Paula Mantovani Avelino, da 1ª Vara Criminal de São Paulo, concordou com o argumento de que o crime já prescreveu e afastou a possibilidade de enquadrá-lo como crime contra a humanidade. Resumindo: quem torturou e matou um preso, dentro de uma dependência do Exército e sob a proteção da ditadura, vai continuar flanando. Se bobear, mais um pouco e vão informar que Herzog não morreu, só posou para aquela cena patética e tétrica, enforcado numa janela, a fim de disfarçar e viver para sempre na clandestinidade.
Estamos em 2009, mas nossas instituições ainda teimam em jogar os crimes cometidos durante o período da ditadura militar para debaixo do tapete. Mais uma vez comprovamos a imaturidade da nossa democracia e o despreparo das nossas mais altas instituições para passar a limpo as atrocidades cometidas pelos agentes da ditadura. É lamentável.
Interessante ler este texto do Elio Gaspari, Zé:
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1308200817.htm
Do General De Gaulle, assim que assumiu o governo provisório, depois da libertação da França, na Segunda Guerra:
“A primeira medida é instituir tribunais regulares para julgar os colaboracionistas, porque a França jamais poderá encarar o futuro com simplicidade e com confiança em si se não liquidar essa conta do passado.”