por Osman Gadoso

Gêmeos

É como amor de cachorro pelo dono a amizade quando amizade. Nem precisa de corpo presente. Um na China, outro em Cabrobó, um na Terra, outro partindo… Apenas é porque parecido com encontrar de repente aquela árvore que lhe fala ao coração – e você nunca vai saber por quê. E quando se descobre o que Raymond Chandler escreveu, presenteia-se o amigo, como a repartir um tesouro. Assim como Steve Ray que apareceu numa noite na rua Saldanha Marinho. Até um delírio materializado em menina-mulher saída de um casarão no Jardim Social parece ter sido descoberto para o outro, assim como a outra menina que estava ao lado num bar numa esquina de praia em Vitória. Antes o “consentimento” para o primeiro casamento, e os dois tinham acabado de se conhecer. Seria a admiração pelo texto do outro? Seria a formalidade, o juízo que, depois, mais tarde, depois de anos, perdeu ao ponto de calçar tênis no dia-a-dia, tudo por uma paixão enlouquecedora? Tudo isso e mais o fato de um encontro de almas. No meio da turbulência da caminhada. Meses sem se falar não significam nada. Porque um gosta do outro, apenas. E um está no outro. Para sempre. Isso é amizade. Quem tiver uma, pelo menos, agradeça a Deus.