18:54A tigela esmaltada

Agora, Doroteu, agora estava

Bamboando na rede preguiçosa,

E tomando na fina porçolona

O mate saboroso, quando escuto

De grossa artilharia o rouco estrondo.

O sangue se congela, a casa treme,

E pesada porção de estuque velho

À violência do abalo despegada

Da barriguda esteira, faz que eu perca

A tigela esmaltada, que era a cousa,

Que tinha nesta casa de algum preço.

De Tomás Antônio Gonzaga, em “Cartas chilenas”

Compartilhe

Uma ideia sobre “A tigela esmaltada

  1. stella

    O que o grande Gonzaga não sonhava é que se você focalizar alguma favela do Rio hoje verá que essa cena “poética” ainda pode se repetir por aqui. Só mudam os atores.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.