8:50O poder ilimitado

Nelson Padrella envia para apreciação e debate o seguinte texto do jornalista Walmor Marcellino:

A função senhoriagem e a adesão patrimonialista do Poder Judiciário só é percebida quando de uma agressão aos direitos sociais; em casos de grande repercussão pública. Enquanto ele se vai jubilando na “consentida violência” do poder social contra a sub-cidadania ‑ em que esta é submetida ao aramado das imputações, ações, mandados e repressões num longo itinerário das acusações, “atestados”, interditos e provimentos ‑, essa mordomia de toga e capelo se fantasia como uma cidadania de luxo que estaria a nos “civilizar pelo rigor das leis”, ao mesmo tempo que apascenta pela conveniência do poder de classe a alimária que somos nós. “La Boétie” explica essa aberração social a que nos levam os costumes da supremacia jurídico-política.

Você não pode analisar e caracterizar decisões judiciais como ajuste e conveniência dessa corte de “patifes ilustres”, pois estará sujeito “às penas da lei” por desacato; ainda que esse togado seja uma besta e não você o inquinado de animal irracional. “Patifes ilustres”, volto a explicar, foi a magistral descrição do filósofo David Hume das ações e decisões de régulos e togados “investidos na representação da Justiça, das leis e normas”, rêmoras da corte que aproveitam a oportunidade para “livrar o barato”, a passos largos, isto é, sempre ajustando também seus interesses senhoriais e patrimoniais; com seus pares do reino.

O bispo Ladislau Biernasky tachou de absurda e inconstitucional a decisão de um juiz federal de impedir manifestações públicas de protesto nas praças de pedágio no Paraná. E de onde surgiu essa luminosa estupidez jurídica ‑ perguntam os cidadãos ativos?

Vamos por partes: um rábula qualquer vai a um jornal do Estado e combina com o editor a propina para a boataria ou difusão de “uma conspiração” contra as “empresas”, digo quadrilhas do pedágio. O lheguelhé publica a “matéria”; e o advogado desses quadrilheiros vai ao juiz apresentando “as evidências” de uma conspiração” contra a indigitada “empresa vítima”. E o que faz o juiz? O “patife ilustre” dá uma “penada preventiva”, cassando o direito social-popular de manifestar seu repúdio ao confisco de seu direito constitucional de ir-e-vir. E onde tal fato ocorre? Aqui na província republicana! E quem vai punir os três escusos e mancomunados? O poder de Estado jurídico? Quem protestará contra o tríplice abuso? Nós, a sociedade inerme contra esses bandidos associados; afinal somos pobres republicanos.

O fato nos leva a uma indagação: o que é o Poder Judiciário de uma República Inacabada, perante a nação e o povo brasileiros, nestes começos do século XXI? Sua legitimidade, se não provém diretamente do povo soberano, ou mesmo de um autocentrado conceito de “nação”, é o quê? Um conluio de sumidades jurídicas, como um cenáculo aristocrático a tripudiar e ofender a democracia que construímos? Respostas para o Supremo Tribunal Federal, Brasília.

Curitiba, 6/12/2007

Compartilhe

Uma ideia sobre “O poder ilimitado

  1. Marcinho das Candongas

    Por falar em escândalo, pensando aqui com meus botões, fico impressionado com o poder de fogo da mídia, na minha humilde opinião hoje o poder número um do Brasil. É o Caso Renan. Chega no gabinete do presidente do Senado uma moça que diz que é jornalista (no máximo uma estagiária fracassada), ameaça o senador com chantagem sexual, ninguém fica sabendo se houve mesmo um caso, ela diz que a filha é dele, não tem exame de DNA nem nada, o caso pára o Congresso, literalmente pára o Congresso, complica tudo, ela lança livro (uma merda, por sinal), posa nua (olha, fotoshopping faz milagres), o caso repercute no exterior. O Senado livra a cara do senador. Seis meses de show, igualzinho nos EUA com aquele presidente que assediou a secretária. E disso viveu a nossa querida imprensa, de um show com belos lucros, comissões, atendimento de pedidos, interferência do Executivo. Querem saber o que eu acho que deveria acontecer? Colocar a moça na cadeia por cinco meses lá no Pará, naquela cidadezinha que foi até manchete do 20 Minutos. Colocar também na cadeia todos os senadores e deputados que têm casos extra-conjugais e que utilizam verbas públicas para pagar contas particulares e todos os que fazem lobbies para empresas nacionais e multinacionais na maior cara de pau pelos corredores do Congresso. E transformar o primeiro verso de Chão de Estrelas no hino do Congresso Nacional: minha vida era um palco iluminado, e eu vestido de doirado, palhaço das perdidas ilusões, cheios dos guizos falsos da alegria, andei cantando minha nostalgia entre as palmas febris dos corações (acho que é assim). Iniciaríamos assim uma limpeza étnica e ética da política brasileira. Claro que depois teríamos de fazer uma limpeza moral, começando por fazer uma campanha pra todo mundo deixar de assistir o Jornal Nacional. E passar a dar audiência máxima ao Toma Lá Dá Cá. Com isto, elegeríamos a Bozena (a empregada de Pato Branco) presidente da Câmara e a Copélia (a grande Arlete Sales) para presidir o Senado.

  2. stella

    “Nelson Padrella envia para apreciação e debate o seguinte texto do jornalista Walmor Marcellino”


    se é pra apreciação mesmo, tribuna livre, lá vai:

    Em que pese a seriedade do assunto, devo gritar que textos como esse é que fazem o povo tomar ódio pela leitura: rebuscado, prolixo, chato, faz a gente perder totalmente a vontade de ir até o fim.

    Enquanto os jornalistas de cueiros são -na sua maioria e infelizmente- anafabetos funcionais, os da velha guarda acham lindo demonstrar que tomam sopa de letrinhas todo dia.

    Coisas como:

    “… jubilando na consentida violência do poder social contra a sub-cidadania ‑ em que esta é submetida ao aramado das imputações…”

    “… apascenta pela conveniência do poder de classe a alimária…”

    “… conluio de sumidades jurídicas, como um cenáculo aristocrático …”

    me fazem lembrar da famosa frase usada por um jumento erudito em discurso pra gabiru:

    “… seria frustrar os anelos dos deserdados das opíparas cornucópias das graças plutocráticas…”

    Osseja: textos como esse do seu W. Marcellino frustram meus anelos de que um dia nossa imprensa diga a que veio em vez de ficar exibindo falta de estudo ou verborragia caquética.

  3. stella

    Então, Zé. E dá pra entender o recado? Qual que é?

    Você chegou exatamente onde eu queria. A que vem um textaço desses? Se a minha ignorância não me deixa ver, imagine que “pior que nóis tem gente…” e aí de que adianta o palavrório?

    Me traduza, por favor, que você sabe escrever.

  4. neto

    É falência das instituições. A policia já foi para as cucuias seguida da vergonhosa classe política, agora a vez do judiciário. Fiquei emputecido ao ler nos jornais e saber que juizes de posse de uma caneta podem ser tão parciais e cruéis com a população. Eu que acreditava tanto nos que usam a capa preta me sinto traído pelos mesmos. Só posso lamentar a fatídica decisão que possibilitou o pouso do urubu sobre a cabeça da senhora que segura a balança da justiça. Ainda bem que ela está com os olhos vendados, caso contrario teria um peti.

  5. neto

    Vish. Acho que a mocinha tá sofrendo de doença desconhecida. Nem ela mesmo sabe o que é. Stellita o c num tendeu os texto minha fia. Os que são verdadeiramente bons de letras são aqueles que não baixam o pau nos textos dos outros. Vai ao médico fia.

  6. stella

    “Resumo: pau no reino da Justiça, que está acima de nós, a ninguenzada brasileira.”

    Sim, querido. Isso eu tinha entendido no geral. Tanto que comecei: em que pese a seriedade do assunto, blablablá…

    Mas veja: você precisou de duas linhas pra dizer o que o Marça diz em trocentas…

    E just for the record: ninguenzada nóis é perante todos os três podres poderes da republiqueta. Ou não? Qual deles arrespeita nóis? Um acoca o outro, dizia Vovó, e nóis aqui ó! Top top top… lembra?

  7. Acácio Hernandes

    Stellita,

    Teço algumas perguntas que gostaria de obter resposta de sua pessoa:

    1 – Completaste o 1° grau ainda ou está em fase de conclusão?

    2 – O supletivo é particular ou do estado?

    3 – Já conhece o programa estadual e federal de alfabetização?

    4 – Você é parente (colateral ou não) do Sr. Ex-vendedor de chuveiros da Lorenzetti, e hoje tem um hobbie de tocar bateria) João Criminazo?

    5 – Ou seria da Meretíssima Juíza?

    Francamente, espero que algumas destas acertivas sejam verdadeiras, pois, creio que somente alguem com envergadura maior que o sr; W. Marcelino – com suas décadas de jornalismo e litancia esquerdista – pode taxá-lo e/ou criticá-lo. Se não entendeste o texto, estude-o. Mas não critique as idéias.

    Em tempos onde uma democracia tem parlamentares recebendo interditos, e a opinião pública manipulada ao bel prazer da comunicação, cercear qualquer tipo de manifestação (mesmo ideológica) não seria aprazível.

  8. Carlos Figueiredo

    “Não me importa que a mula manque, o que eu quero é rosetar”, dizia a marchinha carnavalesca de Haroldo Logo. O “régulo togado” Orozimbo Nonato, ministro do Supremo, sapecou sua tradução, traduzindo para os “rêmoras da corte”: “pouco se me dá que a onagra claudique, o que apraz é acicatá-la”. Enquanto a mula da Stella manca, a onagra do Marcelino claudique. E nós? Nos fica rosetando.

  9. Tarquinio

    Pra Stela
    O texto do Walmor é brilhante e sai do pastel homogeneizado e padronizado que se lê nos jornais e na mídia em geral. Sugiro ao Zé que abra um espaço periódico pras chineladas do Walmor. Faria um bem danado pra ninguenzada e incomodaria os “patifes ilustres” que borbulham no Centro cívico.

  10. stella

    Ô Acácio

    Primeiro, você é uma anta. Não combati idéia nenhuma, tanto que -repito- comecei dizendo “em que pese a seriedade do assunto”, o que significa que dou importância ao que ali se comenta, se é que você não entende o significado dessa expressão.

    Segundo, “envergadura maior que o sr; W. Marcelino – com suas décadas de jornalismo e litancia esquerdista” … desde quando “litancia esquerdista” é atestado de competência? Muito pelo contrário, olha a raça de esquerdistas que assola a América Latrina, que maravilha.

    Terceiro, falar emproado e enrolado é uma bosta e criticar esse estilo não é o mesmo que “cercear qualquer tipo de manifestação (mesmo ideológica)”.

    E, francamente “aprazível”? O que isso tem a ver com aprazível? Você sabe o que é aprazível? Acho que não.

    Por fim, um cara que escreve “acertiva”e “você/completaste” não tem moral pra perquirir sobre a escolaridade de ninguém, falei?

    Vai te catar.

    E Neto:

    “Os que são verdadeiramente bons de letras são aqueles que não baixam o pau nos textos dos outros.”

    Segundo esse raciocínio brilhante só falam bem aqueles que não baixam o pau na fala do Lula, por exemplo, certo? Tá bom.

  11. fabio aguayo

    Com essas medidas judiciais que se apresentam como vitimas e de forma disfarçada estão tentando criar no Estado do Paraná um deserto de sem lideres ou pessoas que possam contestar as arbitrariedades ou as injustiças cometida contra a maioria ou todos em si, já que o objetivo do interdito proibitório é desmobilizar. Além de cessar o direito de contestação, é uma forma de intimidar financeiramente as pessoas, já que haverá também um custo para defesa.

    Um Estado soberano tem o direito de fazer cumprir os seus direitos corporativos e os dos seus cidadãos, que estejam ameaçados ou violados por outros. Daí um Estado soberano poder empreender uma “guerra” independente de qualquer autorização de organizações, quando o recurso à arbitragem ou da justiça se mostra insuficiente ou inadequado para salvaguardar esses direitos.

    Como parte no processo reafirmo contra o valor do pedágio e do contrato vigente e não me calarei e não me acomodarei jamais como cidadão e dirigente partidário

  12. Acácio Hernandes

    Stellita,

    Podes estar “naqueles dias”, porém toda sua ira por ter sido desmascarada não reverte sua parca opinião!

    Mas uma pergunta, ao menos, respondeste: Podes terminado o 1° grau, mas continua com a idade mental de uma escolar…

    Anote aí: 0800 416200 o telefone do Paraná Alfabetizado! Não esqueça de levar a alfafa na lancheira.

  13. rosa

    Recebo sempre por e-mail os textos primorosos do Walmor.
    Acho ele um cara necessário a qualquer sociedade.
    Quanto à Stella, voces parem de crucificar a moça. Ela tem uma certa razão. Esse blog é despojado. Nada aqui é empolado.
    Só que falar mal do texto do Walmor é como chutar a santa, para os mais antigos.

  14. Jeremias, o bom

    Tal qual a Rosa, recebo quase diariamente os textos do Walmor e não deixo de lê-los.

    Walmor é um jornalista com suficiente independência intelectual para apontar o dedo para problemas e atos que, em geral, passam ao largo da mídia hegemônica, por má fé ou incompetência.

    Numa época de saracoteadores jabores e choronas leitoas exercendo diariamente a função de confundir e engabelar o povão, Walmor é uma luz de discernimento e inteligência.

    Sugiro mais textos do Walmor, prezado ZB.

  15. stella

    Rosa, minha flor

    Valeu. Ao menos uma pessoa me entendeu. A gente critica um estilo empolado, vem um bando de ofendidos falar coisa sem coisa.

    A maioria dos dipromados neshtepaiz pensa que falar e escrever empolado é sinal de erudição, quando é apenas chatice.

    Depois, que me consta o Zé escreveu:

    “Nelson Padrella envia para apreciação e debate o seguinte texto ”

    Ora, apreciação cada um faz a sua. Caso contrário tinha de ser: Nelson Padrella envia texto para elogios e nada mais”.
    Não curto o estilo do cara, ponto final. Se ele tem razão sobre o que escreve, é outra estória. Não falei que não tinha.

    Acacio Hernandes:
    Você é parente (colateral ou não) do Clodovil?
    E outra: não vou levar alfafa na lancheira, leve de casa senão vai ficar sem lanche no recreio.

    Zé: prefiro teus textos e o blog é seu. Se eu quisesse ler o Marcellino ia atrás dele.

  16. Pé Vermelho

    Puxa vida: eu que me considerava um deserdado do Pai, do Filho e do Espírito Santo; eu que aprendi ler na cartilha Sodré – O dado é da Dadá, a macaca é má; que vi gramático de hoje torpeando Napoleão Mendes de Almeida e sua Gramática Metódica que ensinava abreviar Excelentíssimo com o pingo depois do Ex, assim: Ex.mo, agora vejo nomes de gente minha amiga como Laurentino Gomes, Walmor Marcelino. Eita pêga – eu me amo! O Pai, o Filho e o Espírito Santo também. Stella: o vaga-lume tem luz própria, mas é intermitente. Impossível acompanhá-lo. Melhor seguir o Valmor: o da luz contínua.

  17. pidao

    Meu caro ze, tamben concordo que deveria da mais espaco ai no teu blog a textos como estes do Walmor. Quanto a dona Stella, tenha do.
    Va se critica assim la… Por que nao te calla?

  18. Juliano

    Hihihihihihihi Stella tá de chico mesmo!!!! Não esqueça do sal na alfafa! hihihihihi

    Walmor Marcelino tem um valor único. Ponto pra vc Zé! Divulgue sempre os textos dele.

    abraço

  19. stella

    Juliano

    digo a você o mesmo que disse ao Hernandes:

    quer sal na alfafa, leve de casa.

    Concordo com você no seguinte: Marcellino tem um valor único. Mesmo.

  20. stella

    Juliano

    Primeiro, essa sua expressão é paleozóica e você nem sabe se eu sou mulher. Só porque meu nick é Stella? Ay, que chistoso!

    Segundo, você não entendeu nada: o valor único do Marça é exatamente o que não me atrai no texto dele.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.