Roberto Requião não resiste a um palco, luzes e câmeras. Ele então entra em ação como se fosse o Hugo Chávez do Sítio Cercado, o estadista discursando em briga de boteco, o fanfarrão que paga salário para ser aplaudido pela claque. Foi assim hoje, na Escola de Governo, aquele espetáculo que ele inventou para falar ao vento como se estivesse nos jardins da Casa Branca. Roberto Requião só não é hilário porque existe, só não é mais triste porque se leva a sério e tem um similar na filmografia de Stanley Kubrik: é o milico maluco que dá a ordem para o bombardeio nuclear no inimigo no filme “Dr. Fantástico”. O governador dos paranaenses faz isso sempre, como se estivesse brincando de bolinha de gude. Pois hoje ele disse que é preciso bater na imprensa canalha (depois, emendou, afirmando que era no sentido figurativo). Afirmou também que a oposição ao seu governo é irracional e patife e que a cachorrada precisa ser tratada no cacete. Pronunciou este discurso exemplar como sempre faz, com a pose de pastor de igreja clandestina de subúrbio e mostrando os indefectíveis caninos. Claro que já esqueceu sua afirmação de que em seu governo só tem ladrão e o episódio em que o ex-procurador geral do Estado Sergio Botto de Lacerda foi jogado ao ar, mas saiu atirando antes e mostrando um pouco do que é a “administração” Requião em suas entranhas. Por tudo isso, o apelo para dar cacete na cachorrada tem de ser entendido como um pedido de penitência.