4:00Prisão e indignação

Nunca é tarde para se indignar. Recebo do amigo Zeca Corrêa Leite a seguinte mensagem:

Esta notícia é do jornal O Estado do Paraná. Recebi através da newsletter do jornal. É uma aberração prenderem um inocente por dois meses e tudo terminar assim, sem questionamento, sem amplitude na divulgação. Um dedo-duro anônimo quis se vingar do rapaz, a polícia quis mostrar serviço à sociedade e, não fosse o trabalho da advogada, seria este jovem mais um inocente a apodrecer na cadeia. (A reportagem “Jogador de futebol preso injustamente é solto” é de Valéria Biembegut)

Acusado injustamente de ser um dos autores de um assassinato e quatro tentativas de homicídios, o jogador de futebol amador Diogo Costa da Silva, 19 anos, ficou recolhido durante dois meses no Centro de Triagem II, em Piraquara. Ele foi solto na semana passada, após sua advogada Raquel Regina Bento Farah provar sua inocência.

Raquel contou que, no início de julho, Diogo foi para o Rio de Janeiro fazer testes para um clube carioca. Em 6 de julho, às 20h, na Rua Filipinas, no Cajuru, o garoto Henrique de Lima, 14 anos, foi assassinado e seus colegas Wesley Torres Ferreira, Diego Amauri Ramos dos Santos, Diogo Soares Garçom e Luís Eduardo Viera dos Santos foram baleados. O caso começou a ser investigado pela Delegacia de Homicídios. “Uma testemunha, que tem sua identidade mantida em sigilo, alegou que o Diogo Costa era o autor. As vítimas não reconheceram meu cliente e ele negou”, ressaltou Raquel.

Baseado apenas no depoimento da testemunha, o delegado Arthen Dach solicitou à Justiça a decretação temporária de Diogo, por 30 dias. O rapaz foi preso em 28 de agosto e teve a prisão prorrogada pela Justiça a pedido do delegado.

Inocência

Ainda abalado o rapaz disse que falou que era inocente desde o início. “Ninguém acreditava em mim. Eu estava no Rio de Janeiro fazendo testes para o clube. Fiquei hospedado, falei que tinha testemunhas. Ninguém me deu importância”, lamentou o jovem. Após a prisão, ele foi removido para o Cento de Triagem II, em Piraquara, onde teve a cabeça raspada e passou a usar uniforme laranja. “Foi humilhante. Fiquei sem ver minha família. Acabei perdendo a vaga no clube porque não pude fazer os outros testes”, contou o jovem.

Após muita insistência e diversas petições, a Delegacia de Homicídios confirmou que a viagem ao Rio de Janeiro realmente ocorreu. Só então, a prisão foi revogada. A advogada lembrou que casos como o de Diogo são comuns. “Após ser comprovada a viagem, a testemunha secreta simplesmente alegou que se enganou e tudo ficou por isso mesmo”, reclama Raquel

Compartilhe

Uma ideia sobre “Prisão e indignação

  1. nelson padrella

    É lamentável que crimes como esse aconteçam e passem batidos. Concordo plenamente com a advogada Rachel Farah quando diz que casos como esses são comuns. Sabemos que são, e estamos ameaçados pelo terrorismo jurídico que nos impede até o sagrado direito de espernear.
    Eu mesmo. Respondo a processo – que já perdi em duas instâncias – por crime que não cometi. Um sujeito criou uma imagem na Internet, auto-denegrindo-se, e atribui-a a mim Nunca fui ouvido pelos juízes que simplesmente decidiram me condenar, embora meu acusador não conseguisse provar nada. A perícia realizada pelo especialista nominado pelo juiz me favoreceu. Mesmo assim, estou condenado. E viva a justiça paranaense.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.