Hoje, na Boca Maldita, a seguinte história da política do Paraná era relembrada:
Em 1959 o senador Abilon de Souza Naves, do PTB, estava praticamente eleito governador do Paraná. Disputava com Ney Braga, mas tinha apoio do então candidato a vice-presidente Jango Goulart. No dia 12 de dezembro ele foi a um jantar de confraternização oferecido por correligionário do partido no Clube Morgenau. Teve um ataque cardíaco fulminante e morreu na hora. Era honestíssimo. Sua eleição poderia até ter mudado o curso da história quatro anos depois, quando os militares deram o golpe e implantaram a ditadura no Brasil. Souza Naves virou nome de rua.
Acho dificil que, mesmo tendo disputado a eleição, Souza Naves vencesse. A questão foi o fenômeno Jânio Quadros. Foi ele que carregou Nei Braga na garupa da vassoura. Senão fosse o JQ, Nei teria perdido até para o azarão Plinio Costa. Não esqueçamos que em 1955, a única capital em que JK perdeu a eleição foi em Curitiba. E perdeu para o outro Plinio, o Salgado dos galinhas verdes…. Socorroooo….
EM TEMPO: O ex-vice-governador Plinio Franco Ferreira da Costa, o Plinio Costa, octogenário, está bem vivo e goza de boa saúde, para quem não sabe.
E o ‘fenômeno’ deu no quê? Com a ‘renúncia’ imaginava que o povão iria se esganiçar nas ruas, pegar em armas para recolocá-lo no governo que ele queria mesmo era transformar em ditadura. A patuléia nem se esganiçou e muito menos pegou em armas. Aliás, não escutei um tiro sequer nem no golpe de 31 de março que ocorreu na realidade num 1º de abril. O pau quebrou foi depois em cima da esquerda. Agora, meu caro José Carlos, que naquela eleição não tinha boca para o Ney, tinha não senhor. Outra coisa: se a milicagem não tivesse dado o golpe no Jango, aliás, no país, ele teria implementado as reformas de base, a tributária, a bancária, e principalmente a agrária. Os fazendeiros dormiriam tranquilos, e não existiriam esses latifúndios onde se morre de fome em meio às plantações (remember Vandré) e não existiriam essas tristes figuras dos bóias-frias e dos sem-terra. Todo mundo teria o seu naco de terra prá viver, não haveria êxodo rural, inchaço de cidades e tanta desigualdade social.