23:02Aos mestres, com carinho

 Texto de JamurJr.

“No Dia do Professor há pouco a comemorar e muito a reclamar, sempre”. A frase é de uma mulher que sacrificou sua vida, sua família e até outros sonhos para se dedicar ao magistério. É aquele sacerdócio do ensino de que alguns falam desde o tempo da vovó. Trabalhando com salários irrisórios, condições precárias e o mínimo de apoio dos governantes, os professores, neste país de poucas letras ou poucos com letras, não são valorizados como deviam, com merecem. Em todas as manifestações públicas que fazem repetem sempre as mesmas reivindicações e, entre elas, melhorias na qualidade de ensino e nas condições de trabalho para ensinar nossos filhos e netos. Mais carinho, remuneração decente, condições de trabalho e respeito é o que o professor deseja. Isso é o mínimo que governo e sociedade poderiam oferecer a esses zelosos e responsáveis profissionais do ensino.  Os mais velhos lembram do tempo em que o professor era considerado o segundo pai ou segunda mãe.  Além de ensinar a ler e escrever, realizavam um trabalho de educação geral, abrindo a cabeça das crianças para conceitos de higiene, comportamento social e amor à Pátria. Por tudo que o faziam e representavam para alunos e pais, os professores eram respeitados e amados, como deveriam ser sempre em todos os tempos. A nobre missão de acender a luz do conhecimento para crianças e adultos faz do mestre um cidadão especial em toda sociedade. A chamada evolução social, com apoio da tecnologia, em que o conhecimento fica mais acessível, trouxe, também, mudanças de comportamento nas salas de aulas. Professores sendo mal tratados por alunos indisciplinados e agressivos, como ocorreu num colégio de Curitiba e foi repetido em Florianópolis, só para ficar em apenas dois exemplos. A repetição de casos semelhantes resulta, também, da omissão de pais e autoridades que costumam minimizar a agressão atribuindo ao aluno um momento de irreflexão ou coisa parecida. A escola que deveria ser um santuário de paz e tranqüilidade, com todos atentos ao aprendizado tem sido palco de cenas lamentáveis de confrontos entre alunos e agressões aos mestres. A comunidade não pode ficar omissa e permitir que esse clima ruim em algumas escolas passe a ser considerado normal.  A escola precisa ficar protegida da onda de violência que anda pelas ruas das cidades. No seu interior deve prevalecer a paz, a ordem e, sobretudo o respeito pelo professor. A escola é a base do desenvolvimento de qualquer sociedade. Sem escolas e professores, voltaremos para a caverna.     
 

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Uma ideia sobre “Aos mestres, com carinho

  1. Ana Karenina

    As reivindicações dos professores são as mesmas há décadas. Entra governo, sai governo e troca governo. Não muda nada. Os mestres continuam reivindicando as mesmas coisas, porque nunca foram atendidos.
    Enquanto isso, a revista Isto É traz o escândalo que ONGs que recebem milhões de reais em repasses dos governos, mais do que a verba destinada à saúde.
    E a educação? Como anda? POVO IGNORANTE É MUITO MAIS FÁCIL DE SER MANIPULADO (ELEITORALMENTE), não?

  2. Jeremias, o bom

    Sobre as questões salariais nem comentarei, pois é assunto recorrente.
    O próprio texto do grande Jamur e a excelente intervenção de Ana Karenina fazem menção a isso e ao descaso de governos de todas as cores.
    Aproveito, no entanto, para lamentar as recentes modificações pedagógicas paulorenatistas-lulistas em vigor nos últimos 15 anos, que somente tornaram mais ineficaz a escola brasileira e, em decorrência, mais difícil o trabalho do professor.
    Aprovação automática, baixa carga horária real, vestibulares “agendados”, baixíssimo nível de exigência, pauperização do ensino científico, modismos didáticos questionáveis, inversão de prioridades, burocratização das escolas públicas e particulares, etc.
    As escolas estão descendo a pirambeira em ponto morto e os burocratas do ensino estão sorridentes, a espera do próximo congresso de especialistas, a ser realizado possivelmente em algum hotel charmoso, dos muitos que existem neste patropi.

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