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8:02Evoé, carná!

O desfile das escolas de samba de Curitiba é tão expressionante que o busto de Bento Munhoz da Rocha, encravado entre o prédio da Assembléia Legislativa e Palácio Iguaçu, vira de costas quando começa a ouvir os tamborins. Agora ele quis tapar os ouvidos para não ouvir a notícia de que a Fundação Cultural de Curitiba importou do Rio de Janeiro a carnavalesca e ex- comentarista da Globo Maria Augusta para dar um jeito na coisa. Não deu, porque é um busto, mas parece que pediu transferência temporária para um parque da cidade durante os tais festejos de Momo. Desde que Curitiba foi fundada todo mundo sabe que a cidade está mais para desfile de 7 de setembro do que de escola de samba. Se houvesse um revival dos corsos que se faziam na Rua XV, vá lá. Dentro dos automóveis é uma coisa. Sambar no pé é outro borogodó. Motivo de chacota nacional (vide Macaco Simão), o carnaval daqui emociona tanto quanto uma partida de cricket assistida pelas torcidas uniformizadas do Atlético e Coritiba. Há um choque de realidade entre o que os integrantes das escolas pensam que fazem e aquilo que se vê. A intenção pode até ser boa em se trazer alguém com experiência no melhor carnaval do mundo para tentar um milagre, mas imagina-se o que o polaco do bumbo da Unidos da Sapolândia vai pensar ao lhe informarem que vai participar de um “workshop” sobre desfile na avenida. Sim, o povo vai assistir aos desfiles, mas, quem sabe, não seria melhor se cada escola tivesse um local próprio para isso? Talvez nos próprios bailes populares, que são um sucesso.  Se Maria Augusta for chamada para dizer aos esquimós como é que o carioca samba ao ronco da cuíca e flutua de forma esplendorosa na passarela, ela vai, porque entende. Agora, o resultado talvez entusiasme o rabo de uma foca. Sim, o povo precisa de festa, para não dizer circo. Gasta-se dinheiro para isso. Mas se é algo que não emplaca, para que insistir? O busto de Bento Munhoz da Rocha só teme uma coisa: lhe assopraram no ouvido de bronze que, se tudo der certo neste carnaval e a transformação acontecer, um projeto de sambódromo será encomendado ao Ippuc. Aí ele pensa em mudar de Estado. Parece que quer ficar ao lado de Carlos Drummond de Andrade  na praia de Copacabana. Mas quer ficar olhando o mar.