Foi no meio desta madrugada que meu amigo deixou o campo da vida. Ele que nos deu tanta alegria com sua arte de jogar bola, penou demais ao sair dos gramados. Mario da Rocha, o Marinho, morreu hoje às 4h00 na UTI do hosptital São Lucas, em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba. Pertencia à rara espécie dos seres humanos do time dos anjos. Talvez por isso tenha penado na pobreza depois de brilhar como um meia que mesclava determinação e arte nas equipes que passou. Brilhou no Colorado, no Pinheiros, no Matsubara, no Vitória da Bahia e naquele Guarani de Campinas campeão brasileiro de 1978. Para lá foi chamado por Carlos Alberto Silva, e disputava espaço num setor onde havia Zé Carlos, Zenon e Renato – sem contar o ataque absurdo formado por Capitão, Careca e Bozó. Marinho encerrou a carreira nos campos da suburbana, ficou praticamente cego e, descobriu-se depois, tinha um câncer na coluna. Criou três filhos (Anderia, Juliana e Luciano), três netos Gabril, Caio e Ana), sempre acompanhado da mulher, outro anjo, a Rose (Roseli do Rocio Rocha). Se jogasse hoje, estaria na Europa ganhando fortunas. Teve a chance de atuar no Santos de Pelé, quando foi convidado pelo campeão mundial Zito, depois de um torneio de seleções de juniores dos estados. Não foi porque a mãe ficou com medo de mandar o filho jovem “para longe”. Nunca lamentou. Tive a honra de registrar nas páginas da revista Placar um pouco do ele era em reportagens feitas quando ele defendia o Colorado e o Matsubara. Depois, ele seguiu seu caminho e eu outro. Comecei a saber que ele passava dificuldades de saúde e financeiras há algum tempo. Fui depois de encontrar o seu grande amigo Chiquito, ex-jogador, nos velórios de Washington e Assis, outros dois com quem fiz amizade. Conversamos e rimos muito nestes encontros na casa humilde no bairro Uberaba. Sempre digo que tudo tem a hora certa. Fui lá, provavelmente, para reencontrar e ajudar um pouco meu ídolo e sua família. Da última vez, no portão da casa, ele me disse que pagaria tudo lá no céu. Foi nosso último encontro. Marinho tinha 62 anos. Amém.
amém, também…